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Assad não é o "demônio" que acreditam, diz bispo de Aleppo

Morador de um bairro do oeste de Aleppo sob controle governamental, ele defendeu que se fossem realizadas eleições democráticas no país

Bashar al-Assad: "80% dos cristãos, de bispos a fiéis, votariam nele" (SANA/Handout via Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2016 às 14h50.

Genebra - Acompanhando as negociações de paz para a Síria em Genebra, o bispo católico de Aleppo, Antoine Audo, afirmou nesta quarta-feira que a imagem que o Ocidente tem do presidente sírio, Bashar al Assad , é equivocada e que ele não é o "demônio" que as pessoas pensam, pois caso eleições livres fossem realizadas hoje, ele seria capaz de se manter no poder.

"Não é por ser alauita (pertencente à ramificação xiita) que é um demônio. Essa é uma grande propaganda que existe no Ocidente contra ele, embora também não possamos dizer que é um anjo", comentou o religioso em um encontro com jornalistas na Suíça.

Presidente de Cáritas Síria e morador de um bairro do oeste de Aleppo sob controle governamental, ele defendeu que se fossem realizadas eleições democráticas no país, provavelmente, Al-Assad venceria.

"80% dos cristãos, de bispos a fiéis, votariam nele. Minha impressão é de que, caso acontecessem eleições democráticas, 50% ou 51% da população na Síria, inclusive muitos sunitas, o elegeriam", afirmou.

O bispo está há dez dias na Europa para participar de eventos relacionados aos esforços humanitários em favor da população síria, que há cinco anos vive uma sangrenta guerra civil.

"A Síria foi vítima de uma luta regional pela liderança sunita disputada, em particular, pelo wahhabismo e a Irmandade Muçulmana", explicou Audo.

Em 2011, quando o conflito explodiu, a população cristã na Síria era de 1,5 milhão, mas dois terços abandonaram o país desde então devido à insegurança, a falta de emprego e o empobrecimento causado pela guerra.

"Médicos e engenheiros chegam à Cáritas para pedir cesta de alimentos todos os meses em Aleppo", contou o bispo para exemplificar o empobrecimento da população.

Segundo ele, não há "perseguição" contra os católicos.

"O que existe é uma estratégia bem estudada para atacar os cristãos, espalhar o medo, desestabilizar a sociedade e transformar isto em guerra confessional", revelou.

Sobre as atuais negociações de paz, Audo disse ter esperança de que elas conduzam a uma solução, a condição de "que sejam os sírios que a encontrem e não seja imposta por terceiros".

"Um acordo imposto nunca funcionará", advertiu o bispo de Aleppo, que há seis semanas foi alvo da última grande ofensiva do Exército sírio apoiado pela aviação russa.

Nessa cidade, que tradicionalmente era o pulmão econômico da Síria, as três catedrais cristãs - maronita, greco-católica e armênia -, que colocavam em evidência a diversidade e convivência das distintas confissões, estão "quase inteiramente destruídas".

Se há cinco anos havia 160 mil cristãos em Aleppo, as estimativas indicam que agora restam 40 mil.

Segundo ele, desde que entrou em vigor a determinação de fim das hostilidades na Síria, há 19 dias, a cidade começou a recuperar os movimentos.

"Existe certa alegria de viver", contou.

Sobre o futuro, o bispo disse estar "convencido" de que Estados Unidos e Rússia "podem decidir sobre o fim do conflito" e que, se as duas potências entrarem em acordo, "uma solução será possível".

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Genebra - Acompanhando as negociações de paz para a Síria em Genebra, o bispo católico de Aleppo, Antoine Audo, afirmou nesta quarta-feira que a imagem que o Ocidente tem do presidente sírio, Bashar al Assad , é equivocada e que ele não é o "demônio" que as pessoas pensam, pois caso eleições livres fossem realizadas hoje, ele seria capaz de se manter no poder.

"Não é por ser alauita (pertencente à ramificação xiita) que é um demônio. Essa é uma grande propaganda que existe no Ocidente contra ele, embora também não possamos dizer que é um anjo", comentou o religioso em um encontro com jornalistas na Suíça.

Presidente de Cáritas Síria e morador de um bairro do oeste de Aleppo sob controle governamental, ele defendeu que se fossem realizadas eleições democráticas no país, provavelmente, Al-Assad venceria.

"80% dos cristãos, de bispos a fiéis, votariam nele. Minha impressão é de que, caso acontecessem eleições democráticas, 50% ou 51% da população na Síria, inclusive muitos sunitas, o elegeriam", afirmou.

O bispo está há dez dias na Europa para participar de eventos relacionados aos esforços humanitários em favor da população síria, que há cinco anos vive uma sangrenta guerra civil.

"A Síria foi vítima de uma luta regional pela liderança sunita disputada, em particular, pelo wahhabismo e a Irmandade Muçulmana", explicou Audo.

Em 2011, quando o conflito explodiu, a população cristã na Síria era de 1,5 milhão, mas dois terços abandonaram o país desde então devido à insegurança, a falta de emprego e o empobrecimento causado pela guerra.

"Médicos e engenheiros chegam à Cáritas para pedir cesta de alimentos todos os meses em Aleppo", contou o bispo para exemplificar o empobrecimento da população.

Segundo ele, não há "perseguição" contra os católicos.

"O que existe é uma estratégia bem estudada para atacar os cristãos, espalhar o medo, desestabilizar a sociedade e transformar isto em guerra confessional", revelou.

Sobre as atuais negociações de paz, Audo disse ter esperança de que elas conduzam a uma solução, a condição de "que sejam os sírios que a encontrem e não seja imposta por terceiros".

"Um acordo imposto nunca funcionará", advertiu o bispo de Aleppo, que há seis semanas foi alvo da última grande ofensiva do Exército sírio apoiado pela aviação russa.

Nessa cidade, que tradicionalmente era o pulmão econômico da Síria, as três catedrais cristãs - maronita, greco-católica e armênia -, que colocavam em evidência a diversidade e convivência das distintas confissões, estão "quase inteiramente destruídas".

Se há cinco anos havia 160 mil cristãos em Aleppo, as estimativas indicam que agora restam 40 mil.

Segundo ele, desde que entrou em vigor a determinação de fim das hostilidades na Síria, há 19 dias, a cidade começou a recuperar os movimentos.

"Existe certa alegria de viver", contou.

Sobre o futuro, o bispo disse estar "convencido" de que Estados Unidos e Rússia "podem decidir sobre o fim do conflito" e que, se as duas potências entrarem em acordo, "uma solução será possível".

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