Às vésperas das eleições, Chávez diz nem lembrar de câncer
"Nem me lembro disso", comentou Chávez ao ser perguntado pela doença que lhe obrigou a passar pela sala de cirurgia em três ocasiões durante os últimos 16 meses
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 13h20.
Valencia - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez , afirmou em entrevista à Agência Efe que já nem se lembra do câncer e se mostrou "absolutamente seguro" que os venezuelanos voltarão a demonstrar sua confiança em seu governo no próximo domingo nas eleições para definir quem dirigirá o país entre 2013 e 2019.
"Nem me lembro disso", comentou Chávez ao ser perguntado pela doença que lhe obrigou a passar pela sala de cirurgia em três ocasiões durante os últimos 16 meses, a última delas em fevereiro.
Em junho de 2011, o presidente venezuelano foi diagnosticado com um câncer na região pélvica durante uma visita oficial a Cuba, que terminou prolongando-se para ser operado duas vezes na ilha.
Chávez reiterou que superou a doença, da qual oficialmente não se informou de sua localização nem de sua gravidade, mas que condicionou sua vida desde então.
Sobre o pleito, o líder da revolução bolivariana se mostrou convencido que seus compatriotas voltarão a respaldá-lo nas urnas no dia 7 de outubro para assim chegar até os 20 anos de governo.
"Eu tenho certeza que vão me conceder (o voto majoritário), estou absolutamente seguro porque conheço esse povo", declarou o presidente venezuelano, ainda animado logo após ter feito um emotivo discurso perante dezenas de milhares de pessoas que transbordaram as ruas de Valencia, a 160 quilômetros de Caracas.
Com as enquetes lhe apontando como vencedor da disputa, Chávez negou que a campanha eleitoral contra o líder opositor Henrique Capriles, de 40 anos, seja a mais difícil que já tenha enfrentado.
"A primeira foi a mais apertada", lembrou Chávez vestido com a roupa esportiva da Academia Militar que lhe acompanhou nos últimos meses em incontáveis atividades e viagens.
O atual presidente recordou como naquela campanha, que aconteceu em 1998 e na qual concorreu contra Henrique Salas Romer e a ex-miss Universo Irene Sáez, entre outros, todos os elementos estavam contra si.
"Todos os poderes estavam nas mãos da burguesia, os meios de comunicação, nós não tínhamos quase nem para comer, mas o povo viu isso", disse, acrescentando que antes "as eleições eram uma tarefa manual" ao contrário de agora que há um sistema de urnas eletrônicas.
"Havia muito roubo de votos. Vínhamos, além disso, com pouca experiência", comentou Chávez sobre a campanha na qual surpreendeu a todos e conseguiu uma inesperada maioria que conservou nos dois processos de reeleição aos quais concorreu desde então.
Após três dias na estrada liderando comícios desde seu estado natal, Barinas, no ocidente do país, rumo a Caracas, onde concluirá sua campanha, Chávez insiste perante seus eleitores na necessidade de comparecer às urnas no domingo para conseguir um triunfo arrasador.
"Na medida em que avança o processo cada eleição será mais importante que a anterior", ressaltou o presidente venezuelano, no poder de maneira ininterrupta desde 1999.
Chávez salienta essa ideia e a repete em seus atos de campanha. "Em cada ciclo, em cada eleição, à medida que passa o tempo, há maior quantidade de elementos em jogo", declarou à Efe.
"Por isso eu digo, estamos decidindo a vida da pátria", acrescentou, reiterando uma mensagem que fez chegar a seus eleitores pedindo-lhes que anteponham os interesses do país aos interesses particulares.