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As promessas do Estado Islâmico às mulheres recrutas

O grupo Estado Islâmico (EI) propõe trabalho, aventuras e até amor às recrutas ocidentais que se juntarem a seu "califado"


	Membro leal ao Estado Islâmico: o EI anunciou a criação de um califado islâmico
 (Stringer/Reuters)

Membro leal ao Estado Islâmico: o EI anunciou a criação de um califado islâmico (Stringer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2015 às 14h54.

Distante das imagens monstruosas de decapitação e apedrejamentos, o grupo Estado Islâmico (EI) propõe trabalho, aventuras e até amor às recrutas ocidentais que se juntarem a seu "califado" proclamado nas áreas sob seu controle no Iraque e na Síria.

"O EI vende a utopia islamita" a homens e mulheres jovens, explica Lina Khatib, diretora do Center Carnegie Middle East, com sede em Beirute.

"Faz com que eles acreditem que podem desempenhar um papel importante no único Estado Islâmico do mundo", acrescenta.

Usando técnicas sofisticadas de recrutamento, os jihadistas atraíram centenas de ocidentais para seu "califado", um território maior que a Jordânia e majoritariamente desértico, onde seis milhões de pessoas vivem.

Inicialmente, sua propaganda era voltada aos jovens, para expandir as fileiras dos combatentes.

Progressivamente, estendeu-se às jovens, como prova a partida em fevereiro para a Síria de três adolescentes britânicas.

Especialistas estimam em 3.000, incluindo 550 mulheres, o número de ocidentais no califado autoproclamado do EI.

Apesar de alguns se chocarem com o que encontram, para eles, é tarde demais. Não há passagem de volta.

No caso das três britânicas, uma delas parece ter estado em contato com Aqsa Mahmood, uma jovem que havia partido ano passado de Glasgow (Escócia) para a Síria, onde se casou com um jihadista.

O blog de Mahmood, "O diário de Mujaira", se tornou um dos principais instrumentos da propaganda feminina do EI.

"Aqui não precisamo pagar aluguel. As casas são de graça. Não pagamos a água nem a eletricidade. Além disso, a cada mês recebemos um pacote de comida, com espaguete, latas de conserva, arroz, ovos", escreve a jovem.

Segundo ela, o EI também oferece emprego, principalmente na área de educação e saúde, para as mulheres que querem trabalhar.

'Até que o martírio nos separe'

O casamento é valorizado no "califado". Segundo Mahmood, o marido jihadista tem direito a sete dias de férias para celebrar o casamento. As esposas podem escolher o seu dote, mas em vez de joias, muitas vezes preferem uma Kalashnikov.

"Os recém-casados recebem US$ 700 (...) há tiros para o ar para celebrar o casamento e muitos Allah Akbar" (Deus é grande), explica.

Em seu blog há uma foto de um combatente barbudo e sua jovem noiva vestida de branco com o subtítulo: "Até que o martírio nos separe".

Respondendo a uma jovem em dúvida sobre a ideia de abandonar seu namorado e viajar para a Síria, a recrutadora tranquiliza: "Eu lhe asseguro que um dia alguém vai abraçá-la com tanta força que irá recompor seu coração partido. Sim, terá um marido" conforme a lei islâmica.

O EI tem outras ferramentas de sedução, como a revista online Dabiq. "Há muitas casas e vantagens materiais para satisfazê-la, você e sua família", assegura a publicação. De acordo com as autoridades iraquianas, o EI dividiu entre seus combatentes as casas abandonadas pelos habitantes que fugiram do horror jihadista.

Na seção de ofertas de trabalho, Dabiq diz que "buscam juízes, pessoas com conhecimento militar ou administrativo, médicos e engenheiros".

'Projeto vazio'

A pesquisadora Lina Khatib está convencida de que os propagandistas como Mahmood atuam sob a supervisão do EI. Este blog "realmente existe, mas não há dúvida de que é controlado pelo EI", diz.

"As meninas que se juntam a esta organização buscam venturas (...) e algumas se projetam em um mundo imaginário, sonhando casar-se com um combatente", assegura Hasan Hasan, autor de "EI: no interior do exército do terror".

Mas uma vez que encaram a realidade, muitas recrutas percebem que escapar dos tentáculos do EI pode lhes custar a vida.

Mais de 120 pessoas morreram entre outubro e dezembro do ano passado tentando escapar dos territórios do EI, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

"Eu interroguei dois jovens que conseguiram voltar. Estavam amargurados e sentiam que haviam sido roubados", disse Khatib.

Em vez da "utopia" prometida pelo EI, encontraram um lugar governado pela "opressão e a proibição de refletir."

"Eles sentiram que haviam embarcado em um projeto vazio", diz ele.

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