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As pedras nos sapatos de Hillary Clinton

Hillary oficializou no último final de semana sua candidatura à presidência dos Estados Unidos pelos Democratas

Hillary oficializou no último final de semana sua candidatura à presidência dos Estados Unidos pelos Democratas (Mandel Ngan/AFP)

Hillary oficializou no último final de semana sua candidatura à presidência dos Estados Unidos pelos Democratas (Mandel Ngan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2015 às 09h13.

Washington - Hillary Clinton não abre mão do sonho de se tornar, no ano que vem, a primeira mulher presidente dos Estados Unidos, mas seu passado tem capítulos pouco esclarecidos, que poderão prejudicar diretamente sua campanha.

Estas são algumas das pedras nos sapatos de Hillary e poderão tornar sua caminhada mais difícil do que o esperado.

O escândalo Monica Lewinsky

Os deslizes sexuais do presidente Bill Clinton já são conhecidos e durante anos foram um problema para o casal queridinho do Partido Democrata.

Primeiro foi uma funcionária, Paula Jones, que processou Bill Clinton por assédio. Em um testemunho em 1998, o presidente também admitiu ter tido relações íntimas com uma repórter, Gennifer Flowers, embora um ano antes tenha assegurado (sentado ao lado de Hillary em um programa de TV) que o romance com Flowers nunca aconteceu.

Mas o escândalo explosivo foi o relacionamento que Bill manteve com uma estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky. O casou desatou em 1998 um pedido de julgamento político contra Clinton na Câmara de Representantes por acusações de perjúrio e obstrução de uma investigação federal.

O presidente foi salvo pelo gongo, graças a um voto do Senado, mas o escândalo deixou uma cicatriz que certamente será reaberta nos próximos 18 meses.

Whitewater

O estado do Arkansas rendeu bons e maus frutos para os Clinton. Ali, eles lançaram sua dinastia política, mas também foi o cenário de um escândalo de especulação imobiliária quando Bill foi governador.

Bill e Hillary se somaram a Jim e Susan McDougal em uma empresa chamada Whitewater Development Corporation, que naufragou na década de 1980. Em meio a disputas por empréstimos, negócios obscuros e acusações de fraude, os McDougal acabaram na prisão. Os Clinton nunca foram processados, mas o nome Whitewater desata reações imediatas entre os conservadores.

Moça rica, moça pobre

Por qualquer critério que se avalie, os Clinton são ricos, mas isto nem sempre foi assim. No Arkansas, eles viveram em relativa modéstia.

Embora sua sorte tenha mudado em Washington, Hillary afirmou no ano passado a uma rede de televisão que o casal estava na "bancarrota" quando deixou a Casa Branca. Isto, efetivamente, estava ligado às gigantescas custas advocatícias que Bill Clinton precisou pagar para se salvar do escândalo Monica Lewinsky. No entanto, os Clinton compraram uma casa de US$ 1,7 milhão de dólares em Chappaqua, Nova York, em 1999, e um ano depois, uma casa com sete quartos em Washington por US$ 2,85 milhões.

Desde então, Bill e Hillary ganharam milhões de dólares oferecendo conferências e Hillary admitiu no ano passado que a vida lhe deu oportunidades incríveis.

Fundação Clinton

Não há dúvidas do poder que Bill e Hillary Clinton têm em todo o mundo sobre as volumosas doações que recebe sua fundação, mas estas podem, a partir de agora, conflitos de interesse para a nova candidata presidencial.

Hillary já precisou lidar com a situação quando foi secretária de Estado (2009-2013), a ponto de assinar um memorando com o governo Obama para evitar problemas enquanto estivesse no cargo.

O acordo estipulava que o Departamento de Estado revisaria todas as contribuições de países que iniciaram ou amentaram sua colaboração com a Fundação Bill, Hillary e Chelsea Clinton, criada em 2001 pelo ex-presidente 1993-2001).

No entanto, a fundação reconheceu há pouco que um donativo de 500.000 dólares do governo argelino para ajudar as vítimas do terremoto do Haiti em 2010 escapou destes controles.

Kuwait, Qatar, Omã, Austrália, Noruega, República Dominicana e Argélia são alguns dos países que enviaram dinheiro pela primeira vez à organização, enquanto Hillary chefiava a diplomacia americana.

A colaboração de vários países com os Clinton permaneceu depois que Hillary passou o cargo a John Kerry, atual secretário de Estado. Arábia Saudita, Emirados Árabes e Alemanha enviaram doações em 2014.

Empresários, filantropos e grupos de investimentos são outros doadores e enviam generosos cheques às causas defendias pela fundação.

Entre eles estão o canadense Frank Giustra, o ucraniano Victor Pinchuk, o saudita Mohamed al Amudi e Rilin Enterprises, uma empresa comandada pelo deputado e multimilionário chinês Wang Wenliang.

Todas as contribuições são legais, mas em fevereiro, a Fundação Clinton indicou que, se Hillary se tornasse candidata, revisaria os estatutos internos para evitar conflitos de interesse.

Agora que Hillary se lançou a Casa Branca, ela decidiu se afastar do conselho administrativo da fundação.

Benghazi

Possivelmente, o maior fracasso de Hillary como chefe da diplomacia americana foi a resposta aos ataques contra a representação diplomática dos Estados Unidos na cidade líbia de Benghazi, em 11 de setembro de 2012, que deixou quatro mortos (inclusive o embaixador).

Os republicanos insistem em que ela não fez tudo o que podia e acusam a atual administração de tentar minimizar o ocorrido.

Mas o que ficará vivo na campanha de 2016 será a resposta que Hillary deu quando legisladores republicanos a interrogaram em 2013 sobre as causas do ataque.

"E que diferença isto faz agora?", retrucou Clinton, em uma frase que até agora retumba nos corredores di Congresso.

Para complicar ainda mais a situação, uma comissão investigadora da Câmara de Representantes descobriu em março que, nos quatro anos em que atuou como secretária de Estado (2009-2013), Hillary Clinton eludiu a regulamentação federal e usou exclusivamente um provedor privado de e-mails.

Milhares de mensagens eletrônicas foram mantidas em um servidor particular. Clinton se negou a que fosse examinado pelo inspetor-geral do Departamento de Estado, como queriam os republicanos, que suspeitam que alguns dos e-mails apagados tiveram a ver com seu desempenho no cargo.

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