Imagem de arquivo: presidente da Coreia do Sul. Moon Jae-in, cumprimenta líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un (Korea Summit Press Pool/Reuters)
AFP
Publicado em 26 de dezembro de 2018 às 11h20.
As duas Coreias fizeram, nesta quarta-feira (26), uma simbólica cerimônia para reconectar e reparar estradas e ferrovias através dessa península ainda dividida, com o Norte convidando o Sul para participar de projetos conjuntos, apesar das sanções que pesam sobre Pyongyang.
A conexão de estradas e ferrovias faz parte de uma série de medidas que têm como objetivo melhorar os laços bilaterais, conforme acordado em setembro passado, pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un.
As duas Coreias seguem tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito terminou em 1953 com um armistício e não um tratado de paz.
Seul ressaltou que a cerimônia ainda não significaria o início real dos trabalhos para ligar e modernizar as vias entre duas Coreias.
O porta-voz do Ministério sul-coreano da Unificação descreveu a data como uma simples "expressão de compromisso", acrescentando que a construção dependeria do "progresso da desnuclearização do Norte e das circunstâncias relativas às sanções".
Já o principal responsável pelo setor de ferrovias de Pyongyang, Kim Yun-hyok, afirmou que o Sul deveria parar de seguir os Estados Unidos no que diz respeito às sanções.
"Se (o Sul) continuar procurando para saber o humor de alguém e continuar hesitando, a reunificação nunca acontecerá", disse Kim na cerimônia realizada na estação de trem na cidade de Kaesong, na fronteira com o Norte.
Poucos minutos depois, para o evento, um trem especial com cerca de 100 sul-coreanos a bordo, incluindo autoridades e cinco pessoas nascidas no Norte, partiu de Seul rumo a Kaesong.
O trem levava pintado o emblema: "Construamos juntos uma era de paz e de prosperidade, reconexão da ferrovia e das estradas Sul-Norte".
Alguns temiam que este trem, e as mercadorias que pode transportar, constituíssem uma violação às sanções impostas ao Norte. Mas o Conselho de Segurança da ONU outorgou uma isenção para o evento, segundo a imprensa local.
Um grupo de pelo menos dez manifestantes protestou contra o líder norte-coreano e contra a conexão ferroviária, denunciando que poderá provocar a transformação da península em um regime comunista.
A realização desse evento foi acertada entre o presidente Moon Jae-in e o líder Kim Jong-un na terceira cúpula intercoreana, que aconteceu em setembro.
Antes de sua divisão, em 1948, duas linhas ferroviárias cruzavam a península, pelo leste e pelo oeste.
Seul estimou em 63,4 bilhões de wones (56,6 milhões de dólares) o total de investimentos para o próximo ano, partindo do princípio de que serão necessários cinco anos para concretizar esse projeto.
As duas Coreias realizaram missões de inspeção no início do mês para suas estradas e ferrovias.
Enquanto isso, as discussões entre Pyongyang e Washington para convencer o Norte de desistir de seu arsenal atômico patinam.
A inesperada desescalada este ano na península culminou em uma cúpula histórica entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Kim, em junho, em Singapura. Os dois se comprometeram com uma "desnuclearização completa da península coreana".
Mas, desde então, os dois países têm divergido sobre o significado dessa fórmula, acusando-se mutuamente de má fé.
Alguns acusam Pyongyang de não assumir nenhum compromisso concreto e consideram altamente improvável que o regime desista de suas armas nucleares.
Washington exige uma desnuclearização "totalmente verificada" do Norte antes que as sanções sejam suspensas, enquanto Pyongyang condenou os "métodos criminosos" dos americanos, acusando-os de exigir o desarmamento unilateral sem fazer concessões.
Isso não impediu que Trump dissesse na segunda-feira no Twitter que estava ansioso para sua segunda cúpula com Kim, e que esta poderia acontecer no início do próximo ano.