O presidente Mohamed Mursi, ligado ao grupo Irmandade Muçulmana, enfrenta repetidos protestos de grupos não-islâmicos desde sua ascensão ao poder, no ano passado (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2013 às 21h37.
Cairo - Artistas e ativistas que protestavam contra a influência islâmica no Ministério da Cultura do Egito entraram em choque na terça-feira com religiosos apoiadores do governo, num incidente que deixou vários feridos, segundo testemunhas e autoridades.
O presidente Mohamed Mursi, ligado ao grupo Irmandade Muçulmana, enfrenta repetidos protestos de grupos não-islâmicos desde sua ascensão ao poder, no ano passado.
Cineastas, escritores e artistas estão acampados há vários dias diante do Ministério da Cultura, no Cairo, acusando o novo titular da pasta de ter demitido arbitrariamente funcionários respeitados, a fim de preencher os cargos com apoiadores seus - uma acusação negada pelo ministério.
Na terça-feira, a tropa de choque da polícia interveio para separar os manifestantes de centenas de ativistas islâmicos que haviam se reunido no outro lado da rua.
Os dois lados ficaram se provocando com palavras de ordem, até que manifestantes dos dois grupos se transferiram para uma ponte próxima, onde começaram a brigar com pedras e paus, segundo testemunhas.
O Ministério da Saúde disse que três policiais ficaram feridos, além de vários manifestantes.
O cineasta Khaled Youssef, que tem atuação política esquerdista, disse à Reuters que o ministro da Cultura, Alaa Abdel-Aziz, está disposto a ocupar cargos do ministério com partidários de Mursi, para que "cumpram as instruções da Irmandade Muçulmana para a destruição da cultura egípcia".
O manifestante islâmico Esmat el Sawyk, membro do radical Partido da Construção e Desenvolvimento Salafista, disse que foi até o local para manifestar apoio ao ministro, "particularmente porque ele chegou após um longuíssimo período de corrupção no Ministério da Cultura".