Artistas desafiam drones americanos com instalação
Artistas realizam uma instalação que procura humanizar as possíveis vítimas dos drones americanos através de uma série de gigantes retratos em telhados
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2014 às 10h41.
Islamabad - Artistas paquistaneses realizam uma instalação que procura humanizar as possíveis vítimas dos <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/drones">drones</a></strong> americanos através de uma série de gigantes retratos em telhados, revelou nesta terça-feira à Agência Efe um dos organizadores da iniciativa.</p>
A iniciativa, que conta com mais de 20 imagens do que poderia ser uma jovem menina local, foi intitulada "#notablugspat" em referência à denominação que, de acordo com eles, os operadores dos drones usam para se referir às vítimas dos ataques com avião não tripulado.
"Colocamos as imagens nos telhados das casas da região do Waziristão do Norte, a mais atingida pelos drones", explicou o advogado e ativista Shahzad Akbar, um dos orgabizadores da iniciativa e diretor da ONG Fundação pelos Direitos Fundamentais.
Akbar ressaltou que um teste foi realizado recentemente na região de Swabi, na província de Khyber-Pakhtunkhwa, fronteiriça com o cinturão tribal.
Segundo ele, do local escolhido, os drones poderiam tomar imagens do coletivo de artistas, algo impossível de ser feito no Waziristão.
As reproduções usadas no teste foram maiores do que as usadas no Waziristão, que medem aproximadamente dois metros de altura por um de largura.
O blog do coletivo (notabugspla.com) descreve a instalação como um projeto que tem o objetivo de chamar atenção dos pilotos dos drones "predator" (modelo habitual das forças americanas), que, sentados a milhares de milhas de distância, retratam suas vítimas como "insetos esmagados".
"Agora, por outro lado, poderão ver o rosto de uma menina", diz o site do projeto, que também explica que a iniciativa é fruto da criação de um grupo de paquistaneses com apoio de colegas americanos e de um artista francês conhecido como JR.
A menina mostrada na foto, segundo Akbar, perdeu seus pais e dois irmãos em um bombardeio perpetrado por drones americanos.
Segundo os idealizadores, o projeto pretende "criar empatia e introspecção nos operadores de drones e gerar diálogo entre os políticos, algo que possa conscientizá-los a evitar a perda de vidas inocentes.
Há mais de três meses que não há nenhum bombardeio deste tipo no Paquistão - o último ocorreu no dia 25 de dezembro -, mas calcula-se que, em dez anos de ataques, os drones já tenham causado a morte de 3.646 pessoas, segundo o Birô de Jornalismo de Investigação (Bureau of Investigative Journalism).
Segundo os cálculos apresentador por essa organização jornalística britânica, entre as vitimas citadas, de 416 até 951 eram civis.
O secretismo que rodeia este tipo de operação impede a elaboração de dados confiáveis e contrastados sobre o número de vítimas nos mais de 400 bombardeios realizados desde 2004.
Segundo a organização americano New América Foundation, os drones provocaram entre 2 mil e 3,5 mil vítimas no Paquistão, sendo 10% civis.