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Argentina vê papa como oportunidade de unir país e a região

Mariotto admitiu que quando era arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio discordou de algumas das propostas do governo, como o casamento homossexual e o aborto


	O papa Francisco desponta como a figura que pode ter um influxo muito beneficente para o país
 (Daniel García/AFP)

O papa Francisco desponta como a figura que pode ter um influxo muito beneficente para o país (Daniel García/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2013 às 20h58.

Buenos Aires - Enquanto os católicos seguem comemorando a escolha de um papa argentino, aumentam as vozes que confiam que a proclamação de Jorge Bergoglio se transforme em uma oportunidade para a unidade do país e de toda a América Latina.

Apesar dos atritos que teve com o governo de Néstor Kirchner e posteriormente com o de sua esposa, a atual governante, Cristina Kirchner, o papa Francisco desponta como a figura que pode ter um influxo muito beneficente para o país.

Especialistas no entorno da Igreja argentina, à frente da qual esteve o novo papa, não duvidam de sua capacidade para introduzir importantes reformas no Vaticano e contribuir para impulsionar a integração de um continente com profundas desigualdades sociais.

Além disso, "o mais importante é que esta pode ser uma boa oportunidade para recriar uma amizade social que os argentinos merecemos", afirmou à Agência Efe Gabriel Castelli, membro do Conselho de Administração da Universidade Católica Argentina (UCA) e presidente da Comissão de Justiça e Paz do Episcopado.

Uma visão compartilhada por dirigentes governistas, como o vice-governador da província de Buenos Aires, o governista Gabriel Mariotto, que afirmou hoje que Bergoglio dará um "matiz filosófico" a questões meramente conjunturais.

"Evidentemente o papa ajudará a impulsionar as causas com menos possibilidades de emergir, a dar-lhes equidade, mas não devemos aproveitar temas como Malvinas para fazer politicagem barata", declarou à imprensa local.

Mariotto admitiu que quando era arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio discordou de algumas das propostas do governo, como o casamento homossexual e o aborto, mas "é preciso relevar esses temas. É preciso enxergar mais adiante e pensar no conceito de um mundo para todos", acrescentou.


Já os opositores hoje avaliaram a capacidade de "saber escutar e a humildade" que caracterizou o pontífice e ressaltaram que soube suportar a pressão de "um governo que o elegeu como inimigo".

Por sua capacidade para o diálogo perante qualquer situação de crise, o ex-governador da província de Santa Fé, o socialista Hermes Binner, se mostrou esperançoso que, de sua nova posição como cabeça da Igreja Católica, "nos ajude a encontrar a paz entre nós".

Reeducar a Argentina é um dos desejos dos compatriotas do papa Francisco, que consideram sua eleição como uma espécie de "sinal", para que o país "aproveite a nova oportunidade" que recebeu.

Dirigentes de alguns dos principais setores argentinos, como o agrícola e o industrial, também opinaram sobre a escolha do cardeal Bergoglio como sumo pontífice.

O presidente da Federação Agrária argentina, Eduardo Buzzi, assinalou que o novo papa "tem pela frente uma grande responsabilidade".

"Fazemos votos para que este fato seja uma oportunidade que nos leve a uma profunda reconciliação dos argentinos", disse em comunicado.

Pela mesma via, a União Industrial Argentina (UIA) destacou que o "pontificado de Francisco será uma contribuição fundamental não só para o fortalecimento da Igreja, mas também para a integração de todos os latino-americanos".

E fará isso, na opinião do vice-governador provincial de Buenos Aires, "em detrimento de outras culturas que pensaram que sempre haverá ricos e pobres, como se fosse uma espécie de sina".

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