Argentina vai às ruas para homenagear Nisman e tensão sobe
Nisman, promotor especial do caso sobre o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), morreu com um tiro na cabeça
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2015 às 16h54.
Buenos Aires - A morte de Alberto Nisman completa um mês nesta quarta-feira e será lembrada pelos argentinos em uma grande manifestação, aumentando a tensão política sobre a presidente Cristina Kirchner, que, além dos poucos avanços sobre a investigação, tem agora que voltar a lidar com a sequência das denúncias iniciais do promotor.
Gerardo Pollicita assumiu a condução do caso sobre o encobrimento da participação de iranianos no atentado a um centro judeu de Buenos Aires, em 1994, e entrou com um pedido de acusação contra Cristina na Justiça na última sexta-feira.
Além da presidente, também teriam envolvimento no caso o ministro de Relações Exteriores, Héctor Timerman, e outros membros de escalões inferiores do governo.
Enquanto a presidente optou pelo silêncio quanto ao requerimento apresentado pelo novo promotor, membros e aliados do governo resolveram endurecer os ataques contra o Poder Judiciário.
"É mais um passo de tantas tentativas destituintes que houve em nossa querida pátria", disse nesta segunda-feira o governador da província de Entre Ríos e pré-candidato do governo às eleições presidenciais deste ano, Sergio Urribarri, em um ato público, informou a agência oficial Telam.
As críticas não só atingem Pollicita, que na opinião do governo não tem provas suficientes para sustentar as acusações da participação de Cristina no encobrimento.
São direcionadas também à convocação da passeata silenciosa em homenagem a Nisman na quarta-feira, na capital do país.
Nisman, promotor especial do caso sobre o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que deixou 85 mortos em 1994, morreu com um tiro na cabeça quatro dias depois de ter apresentado as mesmas denúncias trazidas de volta à tona por Pollicita.
A manifestação foi convocada pelos promotores argentinos, que afirmam não terem intenções políticas.
Já foram anunciadas a adesão de sindicatos de funcionários da Justiça, empresários, representantes da comunidade judaica e outros setores da sociedade civil da Argentina .
Embora os colegas de Nisman liderem a mobilização sem outros objetivos além da homenagem, também participarão do evento os principais nomes da oposição, desde os pré-candidatos presidenciais conservadores até o líder socialista, passando pelo radicalismo e pelo peronismo dissidente.
"A manifestação será grande. Estamos vendo que muita gente está aderindo", disse hoje à rádio "Mitre" o procurador-geral da Argentina, Ricardo Sáenz, um dos que convocaram a passeata.
"Nós não estamos pedindo Justiça; fazemos parte do mecanismo da Justiça. Estamos homenageando um colega, uma homenagem a uma família que recebeu mais gestos de desdém que condolências", defendeu o procurador Germán Moldes, também em declarações à imprensa local.
"O que propiciou mais essa manifestação foi o próprio governo, que no mesmo dia em que ela foi anunciada começou com as críticas. A passeata está chegando a um ponto que eu não imaginava. Toda crítica feita pelo governo a potencializou", afirmou o promotor José María Campagnoli à rádio "La Red".
Campagnoli confirmou que a família e pessoas próximas a Nisman participarão da manifestação e chamou de "ridículas" as acusações de membros do governo, que dizem que eles pretendem um golpe de Estado.
O presidente da Amia, Julio Schlosser, pediu que a passeata não seja partidária e destacou que os principais nomes da comunidade judaica participarão do movimento para "expressar seu sentimento de dor" pela morte de Nisman, segundo a Agência Judaica de Notícias.
"Alguns querem que a manifestação seja por Nisman e outros a aproveitam", contestou hoje o deputado governista Juan Cabandié.
Enquanto isso, a investigação da morte do promotor avança lentamente e está previsto que os resultados do exame toxicológico feito no corpo também sejam divulgados na quarta-feira.
Por outro lado, um corpo carbonizado foi encontrado a poucos metros do condomínio onde Nisman vivia no exclusivo bairro de Puerto Madero, o que gerou novas incertezas.
Um vizinho encontrou o corpo ao lado de uma subestação elétrica e chamou os serviços de emergência.
Porém, a empresa responsável pelo fornecimento de energia, Edesur, negou que tenha ocorrido qualquer falha na região.
Segundo fontes da investigação disseram à agência oficial Télam, a polícia encontrou uma galão de gasolina e uma garrafa com álcool etílico junto ao cadáver.
Devido ao estado completamente carbonizado do corpo, as autoridades vão esperar a autópsia para determinar o sexo, a idade, e pistas que permitam determinar a identidade da pessoa morta.
Buenos Aires - A morte de Alberto Nisman completa um mês nesta quarta-feira e será lembrada pelos argentinos em uma grande manifestação, aumentando a tensão política sobre a presidente Cristina Kirchner, que, além dos poucos avanços sobre a investigação, tem agora que voltar a lidar com a sequência das denúncias iniciais do promotor.
Gerardo Pollicita assumiu a condução do caso sobre o encobrimento da participação de iranianos no atentado a um centro judeu de Buenos Aires, em 1994, e entrou com um pedido de acusação contra Cristina na Justiça na última sexta-feira.
Além da presidente, também teriam envolvimento no caso o ministro de Relações Exteriores, Héctor Timerman, e outros membros de escalões inferiores do governo.
Enquanto a presidente optou pelo silêncio quanto ao requerimento apresentado pelo novo promotor, membros e aliados do governo resolveram endurecer os ataques contra o Poder Judiciário.
"É mais um passo de tantas tentativas destituintes que houve em nossa querida pátria", disse nesta segunda-feira o governador da província de Entre Ríos e pré-candidato do governo às eleições presidenciais deste ano, Sergio Urribarri, em um ato público, informou a agência oficial Telam.
As críticas não só atingem Pollicita, que na opinião do governo não tem provas suficientes para sustentar as acusações da participação de Cristina no encobrimento.
São direcionadas também à convocação da passeata silenciosa em homenagem a Nisman na quarta-feira, na capital do país.
Nisman, promotor especial do caso sobre o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que deixou 85 mortos em 1994, morreu com um tiro na cabeça quatro dias depois de ter apresentado as mesmas denúncias trazidas de volta à tona por Pollicita.
A manifestação foi convocada pelos promotores argentinos, que afirmam não terem intenções políticas.
Já foram anunciadas a adesão de sindicatos de funcionários da Justiça, empresários, representantes da comunidade judaica e outros setores da sociedade civil da Argentina .
Embora os colegas de Nisman liderem a mobilização sem outros objetivos além da homenagem, também participarão do evento os principais nomes da oposição, desde os pré-candidatos presidenciais conservadores até o líder socialista, passando pelo radicalismo e pelo peronismo dissidente.
"A manifestação será grande. Estamos vendo que muita gente está aderindo", disse hoje à rádio "Mitre" o procurador-geral da Argentina, Ricardo Sáenz, um dos que convocaram a passeata.
"Nós não estamos pedindo Justiça; fazemos parte do mecanismo da Justiça. Estamos homenageando um colega, uma homenagem a uma família que recebeu mais gestos de desdém que condolências", defendeu o procurador Germán Moldes, também em declarações à imprensa local.
"O que propiciou mais essa manifestação foi o próprio governo, que no mesmo dia em que ela foi anunciada começou com as críticas. A passeata está chegando a um ponto que eu não imaginava. Toda crítica feita pelo governo a potencializou", afirmou o promotor José María Campagnoli à rádio "La Red".
Campagnoli confirmou que a família e pessoas próximas a Nisman participarão da manifestação e chamou de "ridículas" as acusações de membros do governo, que dizem que eles pretendem um golpe de Estado.
O presidente da Amia, Julio Schlosser, pediu que a passeata não seja partidária e destacou que os principais nomes da comunidade judaica participarão do movimento para "expressar seu sentimento de dor" pela morte de Nisman, segundo a Agência Judaica de Notícias.
"Alguns querem que a manifestação seja por Nisman e outros a aproveitam", contestou hoje o deputado governista Juan Cabandié.
Enquanto isso, a investigação da morte do promotor avança lentamente e está previsto que os resultados do exame toxicológico feito no corpo também sejam divulgados na quarta-feira.
Por outro lado, um corpo carbonizado foi encontrado a poucos metros do condomínio onde Nisman vivia no exclusivo bairro de Puerto Madero, o que gerou novas incertezas.
Um vizinho encontrou o corpo ao lado de uma subestação elétrica e chamou os serviços de emergência.
Porém, a empresa responsável pelo fornecimento de energia, Edesur, negou que tenha ocorrido qualquer falha na região.
Segundo fontes da investigação disseram à agência oficial Télam, a polícia encontrou uma galão de gasolina e uma garrafa com álcool etílico junto ao cadáver.
Devido ao estado completamente carbonizado do corpo, as autoridades vão esperar a autópsia para determinar o sexo, a idade, e pistas que permitam determinar a identidade da pessoa morta.