Buenos Aires - "Morrer por amor", "deve ter merecido", "olha como ela se vestia": as frases que justificam os crimes de gênero são repudiadas na Argentina como parte da campanha #NiUnaMenos ("nenhuma a menos", na sigla em espanhol), que nesta quarta-feira realizará uma manifestação massiva contra a crescente onda de feminicídios.
A menos de 48 horas do protesto massivo que irá reclamar respostas às autoridades por uma série de crimes contra as mulheres nos últimos dois meses, a Argentina acordou nesta segunda-feira com a manchete de outra tentativa de feminicídio: uma mulher recebeu um tiro de escopeta de seu ex-companheiro em pleno centro da cidade e está em estado grave.
Uma mulher morre a cada 31 horas nas mãos do companheiro ou ex-companheiro no país, segundo a ONG Casa del Encuentro.
A manifestação de quarta-feira, que ocorrerá também no Uruguai, busca conscientizar a sociedade sobre um mal que a Argentina não conseguiu conter com leis, nem tento agravado em 2012 a pena por feminicídio com prisão perpétua ao homem "que matar uma mulher ou a uma pessoa que se auto-perceba com identidade de gênero feminino".
Nas redes sociais o convite para participar da marcha se tornou viral com o apoio de figuras públicas ao ato que ocorrerá em frente ao Congresso, em Buenos Aires. Quase todas as 24 províncias argentinas têm ao menos um evento marcado para quarta-feira com o nome #NiUnaMenos.
A cartunista Maitena e os atores Juan Minujín e Erica Rivas (a noiva de "Relato Selvagens") lerão um documento de cinco pontos assinado por políticos e autoridades.
"Não é o suficiente ter uma legislação ou penalizar, mas é preciso enfrentar uma mudança cultural e apontar para a educação", disse à AFP Gabriela Alegre, deputada da cidade de Buenos Aires.
"Os educadores sabem que esta é uma batalha cultural que temos de lutar em nossos locais de trabalho onde a violência simbólica e o autoritarismo, muitas vezes, tenham sido naturalizados", concordou o sindicato de professores do ensino privado.
Entre os casos que causaram espanto no país nos últimos meses estão o assassinato de Maria Eugenia Lanzetti, uma professora de jardim de infância de 44 anos, separada de um marido obsessivo que tinha ordem de restrição. O homem cortou sua garganta na frente dos filhos, na província de Córdoba (centro).
Também chocou o crime, ocorrido há três semanas, de uma adolescente de 14 anos espancada até a morte e enterrada pelo namorado que supostamente a teria forçado a abortar.
Como não há estatísticas oficiais, a ONG Casa del Encuentro contabilizou 277 feminicídios em 2014 como resultado dos quais 330 crianças ficaram órfãs de mãe.
O número foi menor do que os 295 assassinatos de 2013, um trágico recorde de feminicídios que nos últimos sete anos levou a 1.808 mulheres mortas, 63% delas com idades entre 19 e 50 anos.
Entre os pedidos que serão levados ao Congresso estão a execução de estatísticas oficiais para pensar a dimensão das políticas públicas.
E também pedem a proteção das vítimas, "porque é muito difícil para uma mulher que vive uma situação violenta denunciar".
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1/12 (Getty Images)
São Paulo - O jornal inglês Daily Mail fez uma
lista com os piores destinos de férias para as
mulheres. Nesses locais, as viajantes do sexo feminino estão mais expostas a "misoginia, incômodos e, em casos extremos, perigo", diz o texto. "Há um número de locais de férias populares que podem não ser tão amigáveis às mulheres como você pensa", afirma o jornal. Um desses destinos é o Brasil, que aparece na segunda posição da lista. Segundo o jornal, o país "continua nas garras da violência generalizada das gangues criminosas e da polícia abusiva". Além disso, a publicação cita dados do Ministério da Saúde, que indicam o aumento de 157% dos casos de
estupro entre 2009 e 2012, "estimulados pela cultura machista do país", segundo o jornal. Todos os países citados estão na
África,
Ásia e
América Latina. Veja nas fotos acima quais os destinos turísticos mais perigosos para as mulheres, e alguns dos motivos elencados pelo Daily Mail.
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2. Índia
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2/12 (Getty Images)
O Daily Mail afirma que violações em grupo de mulheres locais e turistas vêm atingindo níveis preocupantes na
Índia, com relatos sugerindo que uma agressão sexual acontece a cada 20 minutos no país. O caso de uma estudante japonesa, que foi drogada e estuprada no norte indiano, e um vídeo no qual uma cena de estupro coletivo foi gravado também são citados pelo jornal.
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3. Brasil
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3/12 (Creative Commons)
As imagens de mulheres com pouca roupa no
carnaval do Rio "não mascaram o fato de que permanece o problema da violência de gangues criminosas e da polícia abusiva”, segundo a reportagem, que ainda cita o caso de uma americana que foi estuprada em um ônibus ao lado do namorado, na capital carioca. Apesar da ação das autoridades durante a Copa do Mundo, diz o texto, "estupros, violência de gênero e roubos de turistas continuam a ser um problema".
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4. Turquia
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4/12 (Russavia/Creative Commons)
"A tentativa de estupro e assassinato da estudante de 20 anos de idade Ozgecan Aslan na semana passada empurrou a espinhosa questão da violência de gênero diretamente para as manchetes", diz o Daily Mail. O crime provocou dezenas de
protestos em busca de uma conscientização sobre a violência contra as mulheres, que seria um tabu no país, segundo o jornal.
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5. Tailândia
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5/12 (Wikimedia Commons)
O Daily Mail cita o caso do assassinato de um casal de mochileiros britânicos no ano passado, sendo que a mulher foi estuprada, assim como a ameaça de prisão de uma estudante escocesa que também foi vítima de estupro. Citando um centro de informações de violência doméstica do país, o jornal diz que a violência contras as mulheres é um grande problema no país, impulsionada em parte pela disponibilidade de drogas e de
álcool.
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6. Egito
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6/12 (Ricardo Liberato/Wikimedia Commons)
O país foi tomado por uma onda de violência contra as mulheres sem precedentes desde a revolução de 2011, segundo o Daily Mail, que cita a falta de policiais nas ruas, o que tem diminuído o número de turistas.
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7. Colômbia
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7/12 (John Coletti/Corbis/Latinstock)
"A violência contra as mulheres ainda é generalizada, especialmente contra mulheres das áreas mais pobres", diz o texto, que ainda coloca
Bogotá como uma das cidades com o transporte público mais inseguro do mundo. "Policiais corruptos também têm um histórico negativo quando se trata de proteger as mulheres", segundo o Daily Mail, citando a ONG Human Rights Watch.
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8. África do Sul
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8/12 (.)
O jornal britânico afirma que a África do Sul tem uma das mais altas taxas de estupro e agressão sexual, e assaltos com arma são comuns. "Mais de 66 crimes sexuais foram relatados em 2012-2013, uma taxa de 127 crimes sexuais por 100 mil habitantes", diz o texto.
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9. Marrocos
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9/12 (Wikimedia Commons)
O país tem um histórico pobre quando se trata de direitos das mulheres, segundo o Daily Mail. "Mulheres viajantes são aconselhadas a se vestir modestamente e se cobrir no país
muçulmano conservador", afirma o jornal.
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10. México
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10/12 (Wikimedia Commons)
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, diz o texto, "estupros violentos contra as mulheres que viajam em
transporte público também são uma ameaça significativa". O jornal diz que o governo se esforça para proteger locais turísticos, mas relatos de crimes com armas e violência continuam.
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11. Quênia
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11/12 (Reuters)
O jornal diz, citando um estudo da ONU, que "mulheres de todas as idades, níveis de escolaridade e os grupos sociais, em ambientes rurais e urbanos, estão sujeitas a violência no Quênia". Uma pesquisa nacional também indicou que 32% das mulheres do país foram vítimas de violência sexual antes de atingirem a idade adulta, afirma o Daily Mail. "Sequestros e agressõe sexuais contra turistas também não são raros", conclui o texto.
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12. Agora veja quais são as cidades mais seguras
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12/12 (Jeremy Woodhouse/Thinkstock)