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Argentina repudia corte de luz de embaixada em Caracas onde estão abrigados opositores de Maduro

Declaração ocorre um dia após líder chavista dar um prazo de 72 horas para a delegação diplomática argentina deixar o país

Venezuelanos na Argentina protestam em frente à embaixada da Venezuela em Buenos Aires (Luis Robayo/AFP)

Venezuelanos na Argentina protestam em frente à embaixada da Venezuela em Buenos Aires (Luis Robayo/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 30 de julho de 2024 às 15h44.

Última atualização em 30 de julho de 2024 às 15h45.

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O governo argentino repudiou nesta terça-feira o que chamou de “hostilização” de sua embaixada na Venezuela – e responsabilizou o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro pelo corte de energia elétrica na sede diplomática, onde se refugiam seis opositores do regime chavista. A declaração ocorre um dia após Maduro dar um prazo de 72 horas para a delegação diplomática da Argentina deixar o país.

Em comunicado, o governo argentino advertiu sobre “qualquer ação deliberada que coloque em perigo a segurança do pessoal diplomático da Argentina e dos cidadãos venezuelanos sob proteção” que permanecem na embaixada. A administração do presidente Javier Milei também fez “um apelo à comunidade internacional sobre a importância de lutar pelo cumprimento das normas internacionais que regem as relações diplomáticas entre os Estados”.

Nesta segunda-feira, o governo venezuelano anunciou a retirada do pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai do país, bem como a saída dos seus próprios representantes nestas nações. A decisão foi feita após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela ter declarado a vitória de Maduro nas eleições sem apresentar as atas da votação. O resultado foi amplamente criticado pela comunidade internacional, incluindo os países citados, que exigiram transparência no pleito.

Milei havia denunciado “uma fraude” no processo eleitoral da Venezuela – e rejeitou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato. No âmbito sul-americano, restaram na Venezuela apenas as embaixadas da Bolívia e talvez do Brasil e Colômbia (governos que, ainda que não tenham reconhecido a vitória do chavista, sustentam a necessidade de esperar para ver dados concretos antes de avalizar ou condenar o processo eleitoral que determinou a continuidade de Maduro no poder até 2031).

Nesse cenário, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, passou a avaliar uma saída para os seis opositores do regime chavista que estão asilados na sede diplomática desde 20 de março. Ao La Nación, fontes do governo argentino afirmaram que a situação está “complicada” e que “a prioridade é a segurança dos asilados”.

— Essas pessoas têm direito de estar em nossa embaixada e, caso nossos diplomatas tenham que deixá-la, o governo da Venezuela tem a obrigação de deixá-los sair (os asilados) com os diplomatas — disse Mondino nesta segunda-feira ao La Nación. — Tentamos falar com a chancelaria para ver o que significa este comunicado. A Argentina não rompeu vínculos com a Venezuela. Se eles o fizeram, ainda não nos informaram.

Ainda segundo o jornal argentino, duas possibilidades estão sendo trabalhadas pela administração de Milei: a primeira delas é a de que Maduro aceite o pedido de salvo-conduto apresentado pelo governo da Argentina meses atrás e permita que os asilados deixem o país rumo a Buenos Aires. A segunda, que ganha mais força com o passar das horas, é que os asilados sejam transferidos para outra dependência diplomática que não tenha problemas com o governo chavista.

No Palácio San Martín lembram que, segundo a convenção sobre asilados, assinada em Caracas em 1954, “se por causa de ruptura de relações o representante diplomático que concedeu o asilo tiver que deixar o Estado territorial, ele sairá com os asilados”. Acrescenta que “se o estabelecido no inciso anterior não for possível por motivos alheios à vontade dos asilados ou do agente diplomático, este deve entregá-los à representação de um terceiro Estado Parte nesta Convenção”.

A terceira opção é “entregá-los a um Estado que não seja Parte e que concorde em manter o asilo”.

Durante o encontro do assessor especial da Presidência do Brasil Celso Amorim com Maduro nesta segunda, o brasileiro pediu que a embaixada da Argentina em Caracas seja preservada de possíveis ataques de simpatizantes chavistas. Segundo interlocutores da área diplomática, essa preocupação foi transmitida ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, pela chanceler argentina, Diana Mondino, e repassada a Amorim. Há rumores sobre uma possível invasão à sede diplomática.

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