Repórter
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 08h24.
O governo da Argentina está se preparando para retomar o acesso aos mercados internacionais de títulos de dívida, após uma reviravolta econômica nos últimos meses.
A expectativa é de que o país consiga emitir novos papéis até o início de 2024, caso as condições do mercado permaneçam favoráveis. O movimento é visto como um sinal de estabilização econômica após um período de grande incerteza, quando a Argentina enfrentava altas taxas de juros e queda do valor do peso.
Após o pânico nos mercados em setembro, em que investidores temiam a reversão do programa fiscal do presidente Javier Milei, os rendimentos dos títulos argentinos dispararam para mais de 17%. A ajuda emergencial enviada pelos EUA ajudou a estabilizar os mercados, e a situação melhorou após a vitória política de Milei, com seu partido conquistando mais cadeiras no Congresso em outubro.
Os rendimentos dos títulos agora caem para cerca de 10%, próximos dos níveis que o ministro da Economia, Luis Caputo, sinalizou como aceitáveis para emitir novos títulos.
A proposta de emissão de novos títulos de dívida é acompanhada de perto por investidores, que, segundo fontes, esperam uma redução no prêmio de risco. O governo argentino está tentando reduzir as taxas de juros para tornar a dívida mais acessível.
O ministro Caputo afirmou que está confiante de que o risco-país vai diminuir nas próximas semanas, especialmente após a aprovação de reformas trabalhistas e tributárias no Congresso.
O governo também recebeu ofertas de bancos de valores entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões e está analisando quanto pode tomar emprestado para não comprometer suas reservas durante os pagamentos de dívida em janeiro.
A nova estimativa de arrecadação de 2026, que aumentou em R$ 12,3 bilhões, também abriu espaço para acomodar mais despesas. No entanto, os analistas alertam que a Argentina ainda precisa de uma melhora significativa na liquidez, o que exigirá compras agressivas de dólares.
Apesar do otimismo renovado, a Argentina ainda enfrenta desafios, como o regime cambial restritivo, que limita a compra de dólares para fortalecer as reservas internacionais. Analistas como Ivan Stambulsky e Jason Keene, o Barclays, afirmam que, mesmo com a recuperação do acesso aos mercados, o país precisará de medidas mais fortes para garantir a liquidez. Uma mudança significativa no regime cambial seria necessária para permitir um aumento nas reservas em dólares e sustentar o crescimento econômico.
Em 2019, quando a Argentina retornou aos mercados globais, vendeu US$ 16,5 bilhões em títulos, estabelecendo um recorde para um país em desenvolvimento. No entanto, o país voltou a entrar em default, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade a longo prazo de suas finanças. A expectativa agora é de que o país, com o apoio das reformas fiscais e um cenário mais favorável nos mercados internacionais, consiga evitar uma nova crise de pagamento de dívidas.
*Com informações do O Globo