Mundo

Argentina defenderá na ONU convenção sobre dívidas

País tentará que a novidade seja aplicada em seu litígio contra os fundos especulativos

Cristina Kirchner e seu ministro da economia, Axel Kicilof, em 20 de agosto de 2014 (Juan Mabromata/AFP)

Cristina Kirchner e seu ministro da economia, Axel Kicilof, em 20 de agosto de 2014 (Juan Mabromata/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 22h32.

Buenos Aires - Com o aval do G-77 + China, a Argentina defenderá na ONU a criação de uma convenção que regule as reestruturações da dívida soberana.

O país tentará, ainda, que a novidade seja aplicada em seu litígio contra os fundos especulativos, anunciou o governo de Cristina Kirchner nesta sexta-feira.

O projeto intitulado "Convenção Multilateral para estabelecer um marco jurídico regulatório dos processos de reestruturação das dívidas soberanas" será apresentado à Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 9 de setembro, informaram os ministros das Relações Exteriores, Héctor Timerman, e da Economia, Axel Kicillof.

A iniciativa acontece em um momento em que a Argentina enfrenta uma decisão desfavorável na justiça de Nova York pelo litígio contra fundos especulativos que se negaram a reestruturar a dívida em 2005 e 2010, em uma renegociação aderida por cerca de 93% dos credores.

Timerman esclareceu que, se votada, a convenção poderá ser redigida em menos de um ano, mas admitiu que o texto final vai depender da possibilidade de ser adotado no caso argentino.

"A convenção será a 'Lei de Quebras' que falta aos países", afirmou o chanceler em coletiva de imprensa na Casa Rosada. Segundo Timerman, "133 países indicaram a necessidade de resolver os vazios jurídicos que existem", em alusão aos integrantes do grupo de países em desenvolvimento, G-77.

Timerman explicou que o objetivo é que "as reestruturações da dívida dos países não possam ser afetadas por nenhuma medida emanada de outro Estado, nem sob as ameaças de um juiz ou país, senão sob o consenso das Nações Unidas".

Kicillof ressaltou o aval do G77 + China, que em junho já havia apoiado a Argentina, e acrescentou:"Esperamos que os países da Europa e dos Estados Unidos também se submetam à convenção".

O ministro da Economia insistiu que se pretende que "isso não volte a ocorrer nunca mais, para que os povos não estejam submetidos a estes grupinhos que buscam lucros multimilionários".

"Nós não queremos ser um exemplo de estudo, mas que esta convenção se aplique também ao juiz Griesa", insistiu o ministro da Economia argentino.

A fim de obrigar a Argentina a cumprir sua sentença e pagar 1,33 bilhão de dólares a fundos especulativos, Thomas Griesa bloqueou o depósito para um pagamento de 539 milhões de dólares a credores da dívida reestruturada.

O bloqueio levou o país à moratória parcial declarada por agências de classificação de risco.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaDívidas de paísesEndividamento de paísesONU

Mais de Mundo

Protestos violentos da extrema direita deixam Reino Unido sob pressão

Papa Francisco pede 'busca da verdade' após eleições na Venezuela

Netanyahu diz estar disposto a percorrer 'longo caminho' nas negociações com Hamas

Kim Jong-Un enfrenta enchentes de bote após fortes temporais na Coreia do Norte; Putin oferece ajuda

Mais na Exame