Argentina aceita reunião com Irã
''Decidi instruir nosso chanceler (Héctor Timerman) para que aconteça aqui na ONU uma reunião bilateral entre ambas as chancelarias'', afirmou Cristina
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2012 às 22h01.
Nações Unidas - A presidente da Argentina , Cristina Kirchner, aceitou nesta terça-feira o convite do Irã para se reunirem na ONU para resolver o conflito que mantêm há anos pelos atentados contra a associação judaica Amia em 1994 e voltou a exigir que o Reino Unido aceite dialogar sobre as Ilhas Malvinas.
''Decidi instruir nosso chanceler (Héctor Timerman) para que aconteça aqui na ONU uma reunião bilateral entre ambas as chancelarias'', afirmou Cristina durante o seu discurso nos debates da Assembleia Geral da ONU sobre o pedido de um encontro feito pelo Irã no dia 19 de setembro.
A presidente, que confia que a reunião vai apresentar ''resultados concretos'', lembrou que os atentados contra a Amia em 1994 e contra a embaixada de Israel em Buenos Aires dois anos antes são fatos ''condenáveis'' e ''censuráveis'', que representam uma ''ferida aberta'' para os argentinos, pois ''ainda não foi feita justiça''.
A Argentina solicitou a colaboração do Irã, em várias oportunidades, para capturar e submeter a julgamento o libanês e os oito iranianos requeridos pela Justiça argentina como suspeitos do atentado na sede da Amia em Buenos Aires.
A Argentina já ofereceu como alternativa a possibilidade de julgamento em um terceiro país caso o Irã não confie na independência da Justiça argentina. A presidente disse que espera que o Irã mostre sua disposição para ''cooperar e colaborar'' no esclarecimento do ocorrido e tente, assim, reparar o dano causado.
Cristina se comprometeu, além disso, a submeter a proposta que será feita pelo Irã ao Parlamento de seu país por considerar um tema ''muito importante'' para ser resolvido exclusivamente pelo Executivo, e também vai consultar os familiares das vítimas.
Por outro lado, a presidente disse que o ''selvagem assassinato'' do embaixador dos EUA na Líbia, Chris Stevens, ''não foi casualidade'' e evidencia que os países ocidentais devem ''refletir'' e apostar em políticas orientadas para a construção da paz, ''verdadeira e duradoura'' com a primazia da diplomacia sobre as armas.
''Para Chris Stevens e sua família já não haverá Primavera Árabe, nem sequer verão, mas um inverno horrível e eterno'', lamentou Cristina.
A presidente também disse que ''muitos personagens que pareciam aliados do Ocidente terminaram se convertendo em inimigos implacáveis dos valores ocidentais''.
Cristina aproveitou novamente a tribuna da ONU para exigir do Reino Unido um ''diálogo'' sobre a soberania das Malvinas, cuja ''usurpação ilegal'' completa 180 anos em 2013 e reiterou seu pedido a Londres para ''desmilitarizar'' o Atlântico Sul.
''Não estamos pedindo que digam que temos razão, só queremos dialogar'', destacou a presidente, para quem o conflito entre Reino Unido e Argentina ''não é uma questão bilateral'', mas se trata de ''acabar com os últimos vestígios do colonialismo''.