Arábia Saudita manterá corte na produção de petróleo até o fim do ano
Riade pretende reduzir sua produção em um milhão de barris por dia por mais três meses, de outubro a dezembro de 2023
Agência de notícias
Publicado em 5 de setembro de 2023 às 16h52.
Arábia Saudita e Rússia anunciaram, nesta terça-feira, 5, que vão estender até o fim do ano os cortes voluntários da oferta de petróleo bruto para elevar os preços, o que impulsionou a cotação do barril de Brent e do WTI a um pico desde novembro.
Fique por dentro das últimas notícias no Telegram da Exame. Inscreva-se gratuitamente
- Petrobras (PETR4) salta 4,6% na bolsa com disparada do petróleo
- Wesley Safadão fará pausa em shows devido a fortes crises de ansiedade
- EUA restringe venda de chips de IA da Nvidia para alguns países do Oriente Médio
- EUA: índice de preços de gastos e núcleo sobem 0,2% em julho
- BCE: expectativas para inflação em 12 meses fica estável em 3,4%
- Diga adeus ao WordPad do Windows: Microsoft vai remover o programa depois de 30 anos
Os cortes na produção do maior exportador mundial de petróleo foram anunciados em junho, após uma reunião da OPEP+, e entraram em vigor pela primeira vez em julho. Este grupo reúne membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderada pela Arábia Saudita, junto com outros Estados aliados, como a Rússia.
"A produção do reino para os meses de outubro, novembro e dezembro será de cerca de nove milhões de bd", afirmou o ministério em um comunicado.
Esta estratégia será "revista mensalmente de modo a reduzir ainda mais a produção, ou aumentá-la", afirmou.
Segundo a Arábia Saudita, esta política tem como objetivo "apoiar a estabilidade e o equilíbrio dos mercados petroleiros".
O anúncio desta terça-feira foi feito no mesmo dia que o da Rússia, que também afirmou que manterá a redução das suas exportações de petróleo em 300 mil bd até ao final do ano.
Esta medida "tem como objetivo fortalecer as medidas de precaução tomadas pelos países da OPEP+ para manter a estabilidade e o equilíbrio dos mercados petroleiros", disse no Telegram o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, também ministro da Energia.
A redução unilateral da produção saudita se segue a uma decisão tomada em abril por vários membros da OPEP+ de reduzir sua produção em mais de um milhão de barris diários (bd), o que aumentou brevemente os preços, mas sem permitir uma recuperação sustentável.
Às 12h45 (horário de Brasília), o barril de Brent do mar do Norte, para entrega em novembro, subiu 2,34%, a US$ 91,08, após ter chegado a US$ 91,15 durante o dia (R$ 452,66 e R$ 453,01 na cotação atual, respectivamente).
A referência americana, o barril West Texas Intermediate (WTI), para outubro, ganhou 2,84%, a US$ 87,98, depois de alcançar US$ 88,07 nas negociações (R$ 437,26 e R$ 437,70 na cotação atual, respectivamente).
'Um custo' para Riade
"As reduções adicionais parecem ter estimulado os preços, e a oferta parece restringida no quarto trimestre, apesar do aumento da produção do Irã e de alguns outros países", disse Justin Alexander, diretor da consultoria Khalij Economics, à AFP.
"No entanto, este esforço teve um custo para o reino, que reduziu sua oferta", acrescentou.
A produção diária do maior exportador de petróleo bruto do mundo é de cerca de 9 milhões de barris por dia, bem abaixo de sua capacidade diária, oficialmente de 12 milhões de barris.
Em agosto, a gigante petroleira saudita Aramco anunciou lucros de US$ 30,08 bilhões no segundo trimestre (R$ 147,9 bilhões na cotação atual), um declínio de 38% em comparação com o mesmo período de 2022, quando os preços dispararam após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Esta queda nos lucros "reflete principalmente o impacto da queda dos preços do petróleo bruto e do enfraquecimento das margens do refino e dos produtos químicos", disse a empresa, principal motor da economia saudita.
A Arábia Saudita possui 90% das ações da Aramco e depende, em grande medida,do petróleo para financiar o ambicioso programa Visão 2030 do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, que inclui reformas econômicas e sociais para limitar a dependência do país de seu ouro negro.