Shinzo Abe: o ex-primeiro-ministro foi assassinado por possível envolvimento com a Igreja da Unificação (pool/Getty Images)
AFP
Publicado em 17 de outubro de 2022 às 07h16.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, ordenou nesta segunda-feira, 17, uma investigação governamental sobre a Igreja da Unificação, depois do assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, que reativou as suspeitas a respeito da seita.
O grupo está no centro das atenções desde que foi divulgado que o homem que matou Abe foi motivado pelo ressentimento contra esta igreja, acusada de pressionar os membros a fazer grandes doações.
A seita, fundada na Coreia do Sul por Sun Myung Moon, negou falhas em suas ações, apesar de vários ex-membros terem criticado publicamente suas práticas e revelado as ligações da organização com figuras políticas, o que ajudou a derrubar os números da popularidade de Kishida.
O primeiro-ministro afirmou nesta segunda-feira que "muitas vítimas" da igreja de seus grupos vinculados caíram na pobreza ou enfrentaram a desintegração familiar.
"Os esforços para ajudá-los ainda são insuficientes", disse, antes de anunciar que o "o governo exercerá seu direito de investigar a igreja com base na Lei de Corporações Religiosas".
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Keiko Nagaoka, ministra da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia, afirmou à imprensa que por ordem de Kishida a investigação "começará imediatamente".
A investigação pode levar a uma ordem de dissolução da igreja, o que retiraria da congregação o status de organização religiosa isenta de impostos.
O governo, no entanto, hesita sobre a possibilidade de emitir uma ordem do tipo contra a Igreja da Unificação, porque a medida gera preocupações a respeito da liberdade religiosa.
O homem que atirou e matou Abe, Tetsuya Yamagami, afirmou que cometeu o crime porque suspeitava que o ex-primeiro-ministro tinha vínculos com a Igreja da Unificação, uma seita que, segundo ele, arruinou a vida de sua mãe.
A igreja é acusada de pressionar os seguidores a fazer grandes doações, o que a seita nega.
Abe não era membro da igreja, mas teve relações com grupos vinculados à mesma. Sua morte provocou uma apuração sobre as ligações entre este grupo e a política japonesa.
Uma investigação do Partido Liberal Democrático, formação de Abe e Kishida, mostrou que metade de seus deputados tinha vínculos com a seita. O novo primeiro-ministro prometeu cortar as relações com o grupo.
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