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Após minimizar pandemia, presidente do México é diagnosticado com covid-19

Obrador foi criticado por sua gestão da pandemia ao não usar máscara em público e minimizar a doença. Apesar do diagnóstico, deve conversar com o presidente Vladimir Putin sobre comprar a Sputnik V

Andres Manuel Lopez Obrador  (Hector Vivas/Getty Images)

Andres Manuel Lopez Obrador (Hector Vivas/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 06h59.

Última atualização em 25 de janeiro de 2021 às 07h00.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, 67 anos, informou neste domingo, 24, estar infectado pela covid-19. Em sua conta oficial no Facebook, o mandatário mexicano afirmou que seus sintomas são leves e que se sente otimista.

"Lamento informar que estou infectado com covid-19. Os sintomas são leves, mas já estou sob tratamento médico", escreveu Obrador (conhecido como AMLO por suas iniciais). López Obrador teve problemas cardíacos que o obrigaram a ser internado em 2013 e sofre de hipertensão.

O diagnóstico de Obrador acontece em meio a uma nova alta de contágio pelo novo coronavírus no México, em uma onda que começou no fim do ano passado. O país se aproxima das 150.000 mortes e tem registrado mais de 1.000 óbitos por dia neste mês de janeiro.

O México é o quarto país com mais mortes no mundo, atrás de Índia, Brasil e EUA, e passa de 1,7 milhão de casos (ante uma população de mais de 120 milhões de pessoas). O Brasil, que é o segundo com mais mortes no mundo, tem mais de 8 milhões de casos e mais de 217.000 mortes até este domingo.

López Obrador, que manteve a maior parte de suas atividades durante a pandemia, nomeou a secretária do Interior, Olga Sánchez, para substituí-lo nos assuntos presenciais enquanto estiver isolado e disse que seguirá trabalhando.

"Estarei ciente dos assuntos públicos do Palácio Nacional. Por exemplo, amanhã participarei de uma ligação com o presidente Vladimir Putin", acrescentou a mensagem.

Com Putin, Obrador deve conversar também sobre a possibilidade de o México aprovar para uso emergencial a vacina russa Sputnik V contra o coronavírus e adquirir 12 milhões de doses para acelerar a vacinação. O imunizante começou a ser usado na Argentina em dezembro, com mais de 200.000 pessoas vacinadas até agora (incluindo o presidente Alberto Fernandez), e foi aprovado neste ano em país como Paraguai e Bolívia.

O Brasil negocia a possibilidade de ter a vacina por meio da farmacêutica brasileira União Química, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ainda analisa o caso.

O México começou a vacinação majoritariamente com a vacina de Pfizer/BioNTech. Há duas semanas, também aprovou a vacina de Oxford/AstraZeneca, esta última, a mesma que começou a ser usada no Brasil neste fim de semana. México e Argentina têm uma parceria para produzirem juntos a vacina, enquanto o Brasil importou as primeiras doses da Índia e irá produzir nacionalmente na Fundação Oswaldo Cruz.

Negacionismo da pandemia

Durante toda a pandemia, o presidente mexicano tem sido criticado por aparecer em locais públicos sem máscara, por questionar as medidas de segurança contra o vírus e por minimizar a gravidade da pandemia.

Antes de ser diagnosticado, Obrador realizou três atividades públicas nos últimos dias, a última delas na manhã de sexta-feira no estado de San Luis Potosí, no norte do país.

Na sexta-feira, AMLO também postou uma imagem com sua equipe em uma ligação com o novo presidente dos EUA, Joe Biden, onde aparece sem máscara, apesar da proximidade com os colegas.

O governo mexicano também foi criticado por pouca transparência nos dados do coronavírus. O jornal americano New York Times reportou no ano passado que centenas (e possivelmente milhares) de casos e mortes não estavam sendo contabilizados na capital Cidade do México.

O governo também afirmou que não havia atingido patamares de ocupação de UTIs suficientes para um lockdown, o que se provou mentira em dados oficiais.

Outros líderes mundiais contraíram a covid-19, como o presidente Jair Bolsonaro, o agora ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

(Com AFP)

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