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Após Macron, Merkel viaja a Washington para tentar convencer Trump

A chanceler alemã vai se reunir com Trump para tratar das sanções comerciais e sobre o programa nuclear iraniano

Merkel e Trump: o presidente americano recebeu esta semana em Washington o presidente francês (Jonathan Ernst/Reuters)

Merkel e Trump: o presidente americano recebeu esta semana em Washington o presidente francês (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 26 de abril de 2018 às 15h18.

Angela Merkel viaja a Washington nesta sexta-feira (27), em uma última tentativa europeia de convencer Donald Trump a liberar a União Europeia (UE) das sanções comerciais e manter o acordo estratégico sobre o programa nuclear iraniano.

A viagem acontece justamente após a do presidente francês, Emmanuel Macron, que, apesar da cumplicidade que exibe com o presidente americano, não pareceu ter conseguido concessões em nenhum desses assuntos importantes.

A chanceler alemã não parece disposta a se iludir, especialmente acerca das tarifas sobre aço e alumínio europeus.

"Devemos partir do princípio de que as tarifas estarão aí a partir de 1 de maio", apontou nesta quinta-feira uma autoridade do governo alemão, que pediu anonimato. "Veremos o que fazer", acrescentou.

O presidente americano promulgou em março tarifas de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio, acusando seus parceiros comerciais de práticas desleais. A UE se beneficiou de uma isenção até 1 de maio, em troca de um pedido de abertura maior dos mercados europeus.

Represálias

Os europeus já alertaram que vão impor medidas de represália contra produtos americanos emblemáticos.

Em resposta, Trump mencionou outras taxas punitivas, especialmente ao estratégico setor automotivo alemão, cujos excedentes comerciais têm incomodado o presidente americano.

"A posição da chanceler é que preferimos negociar, mas para isso teria que haver uma isenção duradoura das tarifas", explicou o alto funcionário alemão, insistindo que o Executivo de Merkel deseja "aprofundar as importantes e boas relações [econômicas] com os americanos".

O outro objetivo da chanceler - como de Macron - é convencer o presidente americano de que, na falta de uma solução alternativa, se preserve o acordo sobre o programa nuclear iraniano, sem o qual Teerã poderia retomar o desenvolvimento de uma arma atômica.

Contudo, Trump parece se preparar para denunciar o texto, negociado por seu antecessor, antes da data-limite de 12 de maio.

Macron propôs a negociação de um acordo complementar para responder a algumas reivindicações dos Estados Unidos, especialmente sobre o programa balístico iraniano, mas depois se mostrou pessimista sobre as intenções de seu equivalente americano.

Mesmo assim, o responsável alemão insistiu que o acordo "não pode ser dissolvido de forma unilateral".

À exceção de Washington, todos os signatários do pacto - Paris, Berlim, Londres, UE, Pequim e Moscou - e os inspetores internacionais consideram que Teerã está cumprindo seus compromissos.

Tesouro

Seja sobre o Irã, ou sobre o comércio, "a grande questão é saber se o presidente Trump quer resolver essas questões para retomar a cooperação com aliados europeus, ou se ele quer continuar a miná-la", afirmou Karen Donfried, presidente do German Marshall Fund.

"Se escolher a segunda opção, esta será uma nova prova de que o 'Estados Unidos primeiro' ['América First', slogan da campanha eleitoral de Trump] realmente significa 'somente Estados Unidos'", acrescentou.

Outro obstáculo para Merkel é o relacionamento frio que ela tem com o presidente americano. Seu encontro não deve durar mais que 15 minutos na tarde desta sexta-feira, segundo o previsto, longe dos esplendores que Trump reservou para o mandatário francês.

Antes e depois de sua eleição, o presidente americano atacou a Alemanha e a chanceler, criticando gastos militares insuficientes, a recepção de refugiados muçulmanos, ou uma política comercial antiamericana. Berlim, sua aliada quase indefectível há 70 anos, de um dia para o outro se tornou um alvo.

Já Merkel declarou, após a cúpula do G7 do ano passado, que a época em que a confiança entre europeus e norte-americanos reinava praticamente havia "passado".

Mas, apesar de tudo, "o relacionamento transatlântico é um tesouro que eu quero cultivar e cuidar", prometeu a chanceler na semana passada.

 

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