Após eleição, EUA se concentram em unidade e transição
Visivelmente emocionada, Hillary cumprimentou Trump por sua vitória nas eleições e revelou ter se colocado à disposição do futuro presidente
AFP
Publicado em 9 de novembro de 2016 às 20h48.
O presidente dos Estados Unidos , Barack Obama, e a candidata democrata derrotada, Hillary Clinton, fizeram nesta quarta-feira apelos urgentes à unidade nacional, em um esforço por garantir uma transição tranquila ao novo governo chefiado pelo republicano Donald Trump .
Visivelmente emocionada, Hillary finalmente cumprimentou Trump por sua vitória nas eleições de terça-feira e revelou ter se colocado à disposição do futuro presidente para trabalhar "em benefício do nosso país".
Trump "será nosso presidente". "Devemos ter a mente aberta e lhe devemos a oportunidade de liderar. Nossa democracia constitucional determina a transição pacífica do poder, e não é que apenas respeitamos isto, mas o protegemos", afirmou Hillary.
A candidata derrotada também expressou sua "esperança de que ele será um presidente bem sucedido para todos os americanos".
Pouco depois, na Casa Branca, o próprio Obama disse que se comunicou por telefone com o novo presidente e o convidou para uma reunião na Casa Branca.
"Tive a chance de convidá-lo para vir à Casa Branca amanhã (quinta-feira) para conversar sobre como garantir que haverá uma transição bem sucedida entre nossas duas presidências", disse Obama.
Nomes para o gabinete
O presidente em fim de mandato lembrou que quando ele próprio chegou à Casa Branca, em 2008, tinha profundas diferenças com o então presidente, George W. Bush.
"Mas a equipe do presidente Bush não podia ter sido mais profissional e mais gentil em garantir que houvesse uma transição tranquila (...). Dei instruções à minha equipe para seguir o exemplo que o presidente Bush estabeleceu há oito anos", disse Obama.
Passada a ressaca da espetacular vitória de Trump, as atenções do país agora se voltam para a necessidade de o novo presidente formar sua equipe de governo para começar a trabalhar a partir de 20 de janeiro, quando ocorrerá a passagem de comando.
O ex-presidente da Câmara de Representantes Newt Gringrich é um dos nomes mencionados para assumir o departamento de Estado, assim como o do legislador Bob Corker, presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado.
O senador Jeff Sessions, integrante da comissão das Forças Armadas na Câmara, é um nome mencionado para a secretaria de Defesa.
Alguns pesos-pesados da política americana que, durante a campanha, apoiaram incondicionalmente Trump - como o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani e o governador de Nova Jersey, Chris Christie, também deverão aportar sua cota de poder.
Na área econômica, analistas mencionam o banqueiro Carl Icahn como um nome a ser levado em conta, assim como Steve Mnuchin, ex-alto funcionário do Goldman Sachs.
Trump, um empresário sem qualquer experiência política, rompeu na terça-feira com todos os prognósticos e surpreendeu o mundo ao se tornar o 45º presidente dos Estados Unidos.
Impulsivo, às vezes até mesmo grosseiro, o futuro presidente de 70 anos moderou sua retórica agressiva após a divulgação dos resultados que deram um fim a uma polarizada campanha eleitoral contra Hillary Clinton, marcada por insultos e ataques pessoais.
"Serei o presidente de todos os americanos", anunciou, exultante, este astro de 'reality show' em seu discurso da vitória, ao lado da esposa, Melania Trump, e de seus filhos, em Nova York.
"Os homens e as mulheres esquecidos do nosso país não serão mais esquecidos", acrescentou em seguida em seu primeiro tuíte como presidente eleito, em alusão ao seu principal apoiador: o eleitor rural e operário branco.
Controle total
Além da conquista da Casa Branca, os republicanos têm outros motivos para comemorar.
O partido manteve o controle das duas câmaras do Congresso, um detalhe que garante a Trump uma administração sem maiores tropeços, nem a necessidade de negociar constantemente com o partido democrata.
Além disso, Trump terá nas mãos a indicação do juiz que falta para completar o colegiado da Suprema Corte, uma decisão que garantirá uma maioria de orientação conservadora na máxima instância judicial do país.
Depois da repentina morte do juiz ultraconservador Antonin Scalia, em fevereiro, a Suprema Corte tem atualmente um número par de juízes.
Obama chegou a nomear o juiz moderado Merrick Garland para o cargo, mas os republicanos conseguiram bloquear sua indicação.
Com a Casa Branca e o Legislativo nas mãos, os republicanos terão o poder para desfazer as reformas de Obama, em particular seu controverso programa de assistência de saúde, conhecido como "Obamacare".
Na América Latina, o grande afetado pode ser o México, país sobre o qual Trump anunciou mudanças nas políticas comerciais, com a criação de tarifas alfandegárias às importações, assim como com a China.
Uma incógnita mais é se ele manterá a normalização das relações com Havana, iniciada por Obama.