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Após derrota eleitoral na Baviera, coalizão de Merkel enfrenta incerteza

Partidos aliados pensam se devem continuar na coalizão do governo, após a derrota nas eleições regionais da Baviera no final de semana

Merkel: Os membros da coalizão do governo Merkel perderam sua representatividade nas eleições regionais da Baviera (Ronny Hartmann/Getty Images)

Merkel: Os membros da coalizão do governo Merkel perderam sua representatividade nas eleições regionais da Baviera (Ronny Hartmann/Getty Images)

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AFP

Publicado em 15 de outubro de 2018 às 11h40.

O histórico revés eleitoral sofrido nas eleições regionais da Baviera deixou os aliados da chanceler Angela Merkel em um cenário de incerteza, com questionamentos sobre o futuro da instável coalizão que governa a Alemanha há seis meses.

"A grande coalizão é uma tumba", afirma o jornal popular Bild, resumindo os temores dos principais partidos.

Os eleitores bávaros provocaram duras perdas a dois aliados da chanceler, que governam ao lado de seu partido de centro-direita (CDU).

A CSU, apesar de ter ficado em primeiro lugar, saiu especialmente mal. Com 37% dos votos, perdeu a maioria absoluta no Parlamento regional, algo que só havia acontecido uma vez em 50 anos. Para governar, terá que estabelecer uma aliança com um movimento independente de direita, os "Eleitores Livres".

Outro aliado de Merkel, o partido social-democrata SPD ficou em quinto lugar, uma catástrofe, pois não conseguiu alcançar 10% dos votos. O péssimo resultado alimentará as dúvidas no SPD sobre o interesse em participar na coalizão governamental, na qual entraram com relutância após as eleições legislativas de 2017.

Após a votação regional, a nova líder do SPD, Andrea Nahles, preferiu adiar para os próximos meses a decisão sobre a permanência dos social-democratas na coalizão. Muitos dirigentes do SPD defendem a saída e a imprensa especula sobre um possível governo minoritário neste caso.

Tsunami

Os partidos de oposição, sobretudo os Verdes, saíram muito reforçados da eleição na Baviera. Os ecologistas, com 18%, se tornaram o segundo partido na região.

Ao mesmo tempo, a extrema-direita do Alternativa para Alemanha (AfD) prossegue (10,6%) com sua afirmação no cenário político do país. AfD, criado em 2013, tem agora representação em 15 Parlamentos regionais de um total de 16.

Sete meses após uma difícil configuração, a "grande coalizão" nacional entre entre conservadores (CDU/CSU) e a esquerda moderada (SPD) parece gravemente ameaçada.

"O epicentro do terremoto político está na Baviera, mas pode provocar um tsunami que varrerá o governo federal", afirma a revista Der Spiegel.

E o país pode sofrer um tremor secundário em 28 de outubro, em outra eleição regional crucial para Merkel, em Hesse.

Desta vez, um aliado de Merkel e líder da CDU, Volker Bouffier, colocará em jogo o mandato de ministro-presidente. Uma derrota salpicaria diretamente na chanceler.

Merkel está mais enfraquecida do que nunca, pois é criticada em seu próprio campo por sua política na área de imigração, depois que permitiu a entrada de mais de um milhão de refugiados no país no período 2015-2016.

Também enfrenta um conflito quase permanente com o ministro do Interior e líder da CSU, Horst Seehofer, que tentou - ao endurecer sua posição sobre a migração - frear o avanço da extrema-direita.

A estratégia não funcionou: as pesquisas mostram que os eleitores atraídos pela extrema-direita não retornaram para o lado conservador e outros, mais moderados, optaram pelos Verdes.

Merkel, há 13 anos no poder, e sua coalizão enfrentam um momento de queda. Uma pesquisa publicada no domingo mostra que a coalizão CDU/CSU tem 26% das intenções de voto, com o SPD com apenas 17%, mesmo índice dos Verdes e pouco acima da extrema-direita (15%).

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