A worker in protective gear swabs a resident at a Covid-19 testing facility in Shanghai, China, on Friday, Dec. 2, 2022. China's top leaders will likely signal a more pragmatic approach toward Covid controls at a key upcoming meeting while putting more focus on boosting economic growth, economists say. Photographer: Qilai Shen/Bloomberg (Qilai Shen/Bloomberg)
AFP
Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 11h30.
Há três anos foi identificado o primeiro caso de covid-19 na China, início de uma doença que se espalhou por todo mundo e que agora deve servir de lição para a próxima pandemia, segundo especialistas.
“Não estamos nos movendo o suficiente para estarmos prontos”, disse à AFP William Rodriguez, diretor da Find, uma fundação supervisionada pela ONU, cujo objetivo é melhorar o acesso a testes de diagnóstico ao redor do mundo.
Os exames, principalmente os que podem ser feitos em casa, são essenciais para impedir a propagação de uma doença. Outros dispositivos são a identificação de vírus, ou de bactérias, que podem provocar a próxima pandemia, a descoberta de vacinas, ou tratamentos de emergência, ou a produção e a distribuição desses produtos.
Os países-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciaram as negociações internacionais para combater futuras pandemias. Já o Banco Mundial criou um fundo específico, alimentado pelos países do G20 (da ordem de US$ 1,6 bilhão até o momento).
As iniciativas também são privadas. Na Austrália, o magnata Geoffrey Cumming destinou US$ 170 milhões para financiar um centro de pesquisas dirigido pela infectologista Sharon Lewin.
Essa equipe se concentrará no desenvolvimento de tecnologias que possam servir de base para tratamentos rapidamente adaptáveis contra novos patógenos.
O modelo são as vacinas de RNA mensageiro que foram desenvolvidas contra a covid. O centro australiano deve estar pronto em cerca de seis meses, disse Sharon Lewin à AFP.
O objetivo é saber como responder com urgência a um patógeno desconhecido, mas a antecipação também envolve a identificação de riscos conhecidos.
A OMS trabalha na atualização de sua lista de micróbios sob vigilância. Além da gripe, estão sob atenção os coronavírus em geral e os vírus do Ebola e da Zika, altamente perigosos.
"Apenas algumas mutações de cada um desses vírus" são suficientes para multiplicar sua propagação, alerta a epidemiologista Jennifer Nuzzo, da Brown University, nos Estados Unidos.
Outros patógenos sob estreita vigilância são os arenavírus, ou paramixovírus, aos quais pertencem o sarampo e a caxumba, ou o vírus de Marburg.
Especialistas e ativistas temem, acima de tudo, a falta de vontade política, como no caso de financiamento.
A organização CEPI, cofundada por vários países e pela Fundação Bill e Melinda Gates para enfrentar epidemias, busca US$ 800 milhões para preparar um plano de resposta em cinco anos.
Também existe a espinhosa questão do acesso às vacinas, a começar pelos países mais pobres.
“Para mim, a tragédia da covid foi a distribuição desigual das vacinas, mesmo quando já eram acessíveis”, diz Nuzzo.
Os especialistas concordam: se não houver acesso rápido e barato a vacinas na América Latina, na África, ou na Ásia, a próxima crise não terá uma resposta adequada.
As discussões sobre patentes dentro da OMS são, no entanto, "extremamente preocupantes", afirma Mohga Kamal-Yanni, representante da ONG People's Vaccine Alliance.
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