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Âncora célebre dos EUA aposta em poder midiático de Trump

Dan Rather, que acompanha convenções partidárias há 50 anos, destacou habilidade de republicano como showman

Donald Trump: declarações polêmicas garantem audiência na TV, e dólares da publicidade procuram audiência, segundo análise de Dan Rather. (Brendan McDermid/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 16h19.

Austin (Texas, EUA) — Em meados do ano passado, a candidatura presidencial de Donald Trump era considerada uma curiosidade, um golpe de marketing pela maioria dos americanos.

Dan Rather, um dos mais célebres âncoras da TV americana, dizia que o bilionário deveria ser levado a sério. Hoje, ninguém se arrisca a não levar o empresário nova-iorquino a sério.

Trump tem vantagem considerável sobre seus adversários e é o grande favorito para ser o candidato do Partido Republicano nas eleições de novembro.

Rather, 84, já entrevistou 11 presidentes americanos e cobre convenções partidárias há quase 50 anos.

Na era das redes sociais, das conversas sobre política no Facebook e no Twitter, dos estrategistas digitais, Rather acredita que o meio de comunicação decisivo na escolha do próximo ocupante da Casa Branca será a boa e velha TV.

Dan Rather foi um dos destaques do primeiro dia do South by Southwest Interactive, a maior conferência de tecnologia dos Estados Unidos, que acontece em Austin, no Texas.

Talvez para decepção da plateia jovem e hiperconectada do evento, o jornalista de 84 anos disse que a TV ainda é o elemento chave das campanhas presidenciais.

“Não tenho dúvidas de que a tecnologia digital -- iPads, smartphones – são parte importante. Mas muita gente não tem acesso a esses gadgets”, disse Rather. “Talvez estejamos superestimando o impacto da mídia social.”

A habilidade de Trump em aparecer na TV é um dos motivos pelos quais o candidato surpreendeu muita gente, diz Rather. “Trump sabe que a política americana é show business. E sabe que é um showman melhor que todos os adversários.”

Além de ser um entertainer nato, Trump se beneficiou de uma realidade inegável das empresas de comunicação: os dólares da publicidade procuram a audiência -- e Trump dá muita audiência.

“Não quero pedir desculpas em nome de ninguém, mas a verdade é que o público também tem sua parcela de responsabilidade (pela surpreendente ascensão de Trump).”

Jeb Bush, que abandonou a corrida há duas semanas, gastou 130 milhões de dólares com anúncios de TV. Trump obteve muito mais tempo de tela – sem gastar nada.

Num hipotético – mas cada vez mais provável – embate entre Trump e Hillary Clinton, Rather acredita que a estratégia do bilionário será sair batendo, como ele fez logo no início contra seus adversários republicanos.

Foi assim que ele monopolizou a agenda do partido – e as ondas do ar. O desafio será manter a atenção do eleitorado. “O Trump que você vê na TV é o verdadeiro Donald Trump. Mas existe o risco de que, depois de algum tempo, as pessoas parem de prestar atenção no que ele diz.”

Será que Trump terá de ser cortês e educado para manter os eleitores interessados?

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Austin (Texas, EUA) — Em meados do ano passado, a candidatura presidencial de Donald Trump era considerada uma curiosidade, um golpe de marketing pela maioria dos americanos.

Dan Rather, um dos mais célebres âncoras da TV americana, dizia que o bilionário deveria ser levado a sério. Hoje, ninguém se arrisca a não levar o empresário nova-iorquino a sério.

Trump tem vantagem considerável sobre seus adversários e é o grande favorito para ser o candidato do Partido Republicano nas eleições de novembro.

Rather, 84, já entrevistou 11 presidentes americanos e cobre convenções partidárias há quase 50 anos.

Na era das redes sociais, das conversas sobre política no Facebook e no Twitter, dos estrategistas digitais, Rather acredita que o meio de comunicação decisivo na escolha do próximo ocupante da Casa Branca será a boa e velha TV.

Dan Rather foi um dos destaques do primeiro dia do South by Southwest Interactive, a maior conferência de tecnologia dos Estados Unidos, que acontece em Austin, no Texas.

Talvez para decepção da plateia jovem e hiperconectada do evento, o jornalista de 84 anos disse que a TV ainda é o elemento chave das campanhas presidenciais.

“Não tenho dúvidas de que a tecnologia digital -- iPads, smartphones – são parte importante. Mas muita gente não tem acesso a esses gadgets”, disse Rather. “Talvez estejamos superestimando o impacto da mídia social.”

A habilidade de Trump em aparecer na TV é um dos motivos pelos quais o candidato surpreendeu muita gente, diz Rather. “Trump sabe que a política americana é show business. E sabe que é um showman melhor que todos os adversários.”

Além de ser um entertainer nato, Trump se beneficiou de uma realidade inegável das empresas de comunicação: os dólares da publicidade procuram a audiência -- e Trump dá muita audiência.

“Não quero pedir desculpas em nome de ninguém, mas a verdade é que o público também tem sua parcela de responsabilidade (pela surpreendente ascensão de Trump).”

Jeb Bush, que abandonou a corrida há duas semanas, gastou 130 milhões de dólares com anúncios de TV. Trump obteve muito mais tempo de tela – sem gastar nada.

Num hipotético – mas cada vez mais provável – embate entre Trump e Hillary Clinton, Rather acredita que a estratégia do bilionário será sair batendo, como ele fez logo no início contra seus adversários republicanos.

Foi assim que ele monopolizou a agenda do partido – e as ondas do ar. O desafio será manter a atenção do eleitorado. “O Trump que você vê na TV é o verdadeiro Donald Trump. Mas existe o risco de que, depois de algum tempo, as pessoas parem de prestar atenção no que ele diz.”

Será que Trump terá de ser cortês e educado para manter os eleitores interessados?

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