Venda de máscaras no México: em todo o mundo, o novo coronavírus já provocou mais de 521.000 óbitos (Manuel Velasquez/Getty Images)
AFP
Publicado em 3 de julho de 2020 às 16h00.
Última atualização em 3 de julho de 2020 às 19h09.
Pela primeira vez desde o início da pandemia do novo coronavírus, América Latina e Caribe superaram nesta sexta-feira (3) a Europa em número de casos, com mais de 2,7 milhões de contágios declarados, enquanto o vírus prossegue a propagação nos Estados Unidos.
América Latina e Caribe, região onde a epidemia está mais ativa nas últimas semanas, se tornaram a segunda área do mundo com mais casos detectados da doença (2.735.107), à frente da Europa (2.718.363) e atrás de Estados Unidos e Canadá (2.844.522 casos), de acordo com um balanço atualizado pela AFP nesta sexta-feira com base em fontes oficiais.
A Europa continua sendo a região do mundo com o maior número de mortes, com 198.310 vítimas fatais. Em seguida aparecem Estados Unidos e Canadá (137.421) e América Latina e Caribe (121.662).
Em todo o mundo, o novo coronavírus já provocou mais de 521.000 óbitos e mais de 10,8 milhões de contágios, segundo o balanço da AFP.
Nos Estados Unidos, o país mais afetado do planeta, com mais de 128.000 mortes, os contágios aceleram: nas últimas 24 horas a nação bateu um novo recorde diário, com 53.000 infecções, número que provoca pânico entre os profissionais da saúde na véspera do fim de semana de celebração do 4 de julho.
Ignorando as críticas por sua gestão da crise, o presidente Donald Trump pretende visitar nesta sexta-feira o Monte Rushmore para uma noite de fogos de artifício, que deve reunir mais de 7.500 pessoas.
Vários estados, no entanto, como Califórnia e Flórida, fecharam algumas áreas de restaurantes, bares e praias. E muitos eventos foram suspensos.
Com o rápido agravamento da situação, a Flórida, que registrou na quinta-feira o recorde diário de 10.000 casos, pode enfrentar em breve problemas para tratar os pacientes.
"Se este tipo de aumento que observamos nos últimos 14 dias persistir por um mês ou dois meses, chegaremos no ponto em que os hospitais do sul da Flórida não terão leitos suficientes", advertiu Carlos Migoya, presidente do maior grupo de hospitais de Miami, o Jackson Health System.
O Peru superou na quinta-feira a trágica barreira de 10.000 mortes provocadas pelo vírus, um dia depois de iniciar uma flexibilização do confinamento gradual para reativar a economia.
Segundo país na América Latina em número de caso, o Peru enfrenta um cenário de hospitais à beira do colapso.
Apesar dos números dramáticos, a quarentena foi suspensa na quarta-feira em 18 dos 25 departamentos do país, incluindo Lima, onde os ônibus voltaram a circular lotados de passageiros, todos de máscaras, como determinou o governo.
No Brasil, com quase 62.000 mortes e cerca de 1,5 milhão de contágios, os estados começaram a flexibilizar as restrições.
As autoridades buscam de todas as maneiras reativar a economia, sem levar em consideração os alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a pandemia está em aceleração.
Na Europa, onde a propagação do vírus parece controlada, os governos se apressam a anunciar as medidas de flexibilização para tentar salvar a temporada de verão, crucial para muitos países.
A partir de 10 de julho, os viajantes procedentes de quase 50 países estarão isentos da quarentena de 14 dias imposta pelo governo do Reino Unido, informou Londres.
O governo do primeiro-ministro Boris Johnson não divulgou a lista completa de países, mas já antecipou que Espanha, França, Itália e Alemanha estão entre os beneficiados.
A Espanha, outro país europeu muito afetado pela COVID-19, também anunciou na sexta-feira que reabrirá as fronteiras para 12 dos 15 países liberados pela União Europeia, mas não com Argélia, Marrocos e China, até que estes permitam a entrada de pessoas procedentes da Espanha.
Na área médica, cientistas de todo o planeta lutam contra o tempo para tentar desenvolver uma vacina contra o coronavírus.
A Comissão Europeia autorizou provisoriamente o uso do medicamento antiviral remdesivir para o tratamento de pacientes com coronavírus, o primeiro remédio autorizado a nível da UE para o tratamento da COVID-19".