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América Latina: da esperança à indiferença pelas eleições

Quatro anos depois da eleição do primeiro presidente negro dos EUA, o duelo eleitoral entre o democrata Obama e o republicano Mitt Romney não levanta as mesmas paixões


	Mitt Romney fala com Barack Obama no primeiro debate das eleições de 2012, em Denver
 (Jim Bourg/Reuters)

Mitt Romney fala com Barack Obama no primeiro debate das eleições de 2012, em Denver (Jim Bourg/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2012 às 20h44.

Bogotá- As eleições presidenciais desta terça-feira nos Estados Unidos não despertaram na América Latina o mesmo interesse que as de 2008, quando o então estreante Barack Obama, candidato agora à reeleição, gerou esperanças de uma mudança na relação de seu país com seus vizinhos do sul.

Quatro anos depois da eleição do primeiro presidente negro dos EUA, recebida com entusiasmo na América Latina, o duelo eleitoral entre o democrata Obama e o republicano Mitt Romney não levanta as mesmas paixões na região, talvez, segundo os analistas, porque as esperanças se viram frustradas ou porque se considera que, ganhe quem ganhar, não haverá mudanças significativas.

''Em geral, eu não acho que se possa perceber mudanças fundamentais em relação à América Latina'', afirmou hoje o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, em uma entrevista à emissora colombiana ''Caracol Radio''.

Insulza acredita, no entanto, que uma vitória de Romney poderia representar mudanças na política americana em relação a Cuba, uma vez que o ''lobby'' cubano é ''bastante influente no Congresso'' e ''fundamentalmente republicano''.

Além disso, esse ''lobby'' é anticastrista e contrário a tudo o que signifique relaxar o embargo sobre Cuba, e por isso rejeitou medidas tomadas por Obama como a suspensão de restrições a viagens e envios dos EUA à ilha.

Em Cuba as autoridades não fizeram comentários sobre estas eleições e sobre o que pode acontecer se não vencer Obama, a quem o ex-presidente Fidel Castro uma vez se referiu como ''um fanático crente do sistema capitalista imperialista imposto pelos EUA ao mundo''.

Porém, os mais afetados se houver um novo inquilino da Casa Branca seriam, segundo Insulza, os latino-americanos que vivem nos EUA, pois ''haveria mudanças'' em ''temas de legalização de migrantes ilegais e educação''.


Além disso, ''provavelmente (Mitt) Romney estaria menos comprometido a adotar uma legislação migratória'', acrescentou Insulza em referência à reforma das leis relativas à imigração prometida por Obama na campanha para as eleições de 2008 e até agora não concretizada.

Segundo as enquetes, os hispânicos dos EUA, 51,9 milhões de pessoas, 16,7% da população, segundo o Censo de 2011, podem ser determinantes para que Obama consiga a reeleição.

Segundo uma enquete da empresa Latin Decisions publicada na segunda-feira, 73% dos hispânicos tem intenção de votar hoje em Obama e 24% em Romney.

''Se os latinos forem às urnas nos níveis que estamos projetando, dariam Nevada, Colorado, Flórida e Virgínia a Obama'', quatro estados-chave para o resultado da eleição, segundo o pesquisador principal de Latin Decisions, Matt Barreto.

Ao analisar as consequências para a Argentina de uma mudança na Casa Branca em seu site, o analista argentino Rosendo Fraga opina que ''com uma vitória de Romney, o cenário da relação será mais difícil''.

Fraga considera que é mais provável que os afetados pela moratória da dívida soberana do país em 2001 e que reivindicam ações contra a Argentina encontrem mais eco em um presidente republicano.

Além disso, ''é provável que um presidente republicano tenha uma política mais hostil em relação a (Hugo) Chávez - como já antecipou Romney - e isso aconteceria no mesmo momento em que o governo argentino parece assumir cada vez mais coincidências com o modelo venezuelano'', ressaltou Fraga.

Chávez, que considerou uma ''fraude'' o governo de Obama, afirmou há um ano que Mitt Romney ''é um louco'' que ''de repente'' pode se transformar no presidente dos EUA, o que representaria o retorno da ''extrema direita ao poder''.

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