Itália: o país está atualmente na mesma situação vivida por outros países europeus cinco ou dez anos atrás (Getty Images)
AFP
Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 13h32.
A ameaça terrorista é "de baixa intensidade" na Itália, onde, no entanto, há uma crescente radicalização islâmica entre os jovens e as mulheres, de acordo com o relatório de uma comissão especializada no tema apresentado nesta quinta-feira em Roma.
"Há algo específico em nosso país, em alguns aspectos bastante tranquilizador" sobre o fenômeno do radicalismo islâmico, disse a jornalistas o chefe do governo italiano, Paolo Gentiloni, apresentando o relatório desta comissão.
"A ameaça permanece de baixa intensidade", assegurou o presidente desta comissão, Lorenzo Vidoni. Mas, acrescentou, "em nosso país há um aumento de jovens e mulheres radicalizados! A Itália está atualmente na mesma situação vivida por outros países europeus cinco ou dez anos atrás", disse ele.
Segundo o relatório, a Itália tem cerca de uma centena de "combatentes estrangeiros", italianos que partiram para a jihad na Síria ou Iraque, segundo Vidoni, um número muito menor do que os observados em países como Bélgica e França.
No entanto, a Itália não escapa ao fenômeno da radicalização islâmica, constatado principalmente nas prisões e internet, indica Gentiloni, observando que ainda há muito a ser feito em termos de prevenção.
A situação nas prisões é particularmente crítica, denuncia Antigone, uma associação de defesa dos direitos dos prisioneiros. Nenhum guarda prisional fala árabe e os ímãs geralmente não são permitidos nas prisões, explicou em um comunicado.
"Isto leva detentos a escolher entre os que conduzem as orações, sem nenhuma garantia sobre o que pregam", acrescenta a associação, lembrando que existem 54.000 pessoas presas na Itália, dos quais cerca de 6.000 manifestaram ser de fé muçulmana.
A Itália teme, no entanto, que o aumento das chegadas de migrantes do Oriente Médio e África Central favoreça a radicalização islamista, embora Gentiloni rejeite "a equação imigração=terrorismo".
Cerca de 176.554 migrantes estavam instalados em centros de acolhida em 2016, contra 103.792 um ano antes e 66.066 há dois, segundo o ministério do Interior.
Ante este aumento, o governo prevê aumentar as repatriações e prepara um plano para ampliar o número de centros de detenção.