Especialista apaga incêndio provocado por queda de foguete em Kfar Aza (Jack Guez/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2014 às 10h15.
Kfar Aza - Em Kfar Aza, um kibutz situado perto da Faixa de Gaza, apenas algumas pessoas continuam vivendo na cooperativa agrícola, por temor de um ataque do movimento islamita Hamas através dos túneis que chegam até Israel.
"Estávamos acostumados aos morteiros e foguetes, mas a ameaça dos túneis, de onde podem sair terroristas, realmente nos dá medo", admite Noam Stahl, porta-voz da localidade.
No kibutz situado de frente para o acampamento de refugiados palestinos de Jabaliya, norte da Faixa de Gaza, restam menos de 100 pessoas e as 250 crianças residentes foram retiradas por precaução.
"Exigimos do governo que garanta nossa segurança e estamos realmente decepcionados porque, depois de tantos anos, Israel não tenha encontrado uma solução para isso", lamenta ainda.
A operação "Barreira Protetora", lançada em 8 de julho, tem como objetivo acabar com o lançamento de foguetes a partir deste território e com os túneis que o movimento islamita usa para infiltrar comandos em território israelense.
"Não creio na paz, mas é preciso restabelecer a calma para nós e para os habitantes de Gaza", acrescentou.
Passeando pelas áreas vazias do kibutz, Noam Stahl mostra os danos causados pelos disparos de morteiro.
Na coletividade, reina um silêncio que é apenas rompido pelos bombardeios israelenses e o lançamento de morteiros na direção de Israel.
"Aqui não ouvimos as sirenes de alerta porque está muito perto da zona de tiro", explica Dudi Doron, de 56 anos e que vive em Kfar Aza há 30 anos.
Barulhos subterrâneos
"Já convivemos com o lançamento de foguetes, mas a ameaça dos túneis piorou a situação. Nós nos perguntamos se ainda poderemos viver aqui", afirma ainda este pai de cinco filhos.
"Já ouvi, como meus vizinhos, barulhos que vinham do subsolo, mas não levaram a sério nossos alertas", recorda ainda.
Doron observa a nuvem de poeira provocada pelos blindados israelenses na Faixa de Gaza, a menos de 2 km de sua casa.
"Queria um cessar-fogo, mas, ao mesmo tempo, acho que se o exército não for até o fim, seremos condenados a viver outra guerra", lamenta.
"Tenho minha casa e não quero ir embora, mas tenho medo pelas crianças. Que pais podem viver com um perigo que pode surgir da terra a qualquer momento?", questiona Israel Degany, de 77 anos, um dos fundadores do kibutz há 57 aos.
"Gostaria de ser otimista, mas neste momento é difícil acreditar que vamos encontrar o caminho para a paz", enfatiza Doron, que recorda que sempre manteve boas relações com os habitantes da Faixa.
"Os palestinos trabalham aqui e nós fazemos compras lá. Duvido que possamos voltar atrás, mas, se ao menos deixássemos de nos matar mutuamente, já seria um grande passo", conclui.