Ameaça de Erdogan não impedirá retirada dos EUA da Síria, diz Pompeo
Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, prometeu garantir que os curdos da região serão protegidos
Reuters
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 10h33.
A retirada de tropas norte-americanas da Síria não será afetada por ameaças da Turquia contra os aliados curdos de Washington no país, afirmou o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, prometendo garantir que os curdos serão protegidos.
Pompeo se reuniu com líderes na capital do Iraque e na semiautônoma região do Curdistão na quarta-feira para tranquilizá-los sobre os planos de Washington, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no mês passado a abrupta retirada de tropas da Síria.
A visita não anunciada a Bagdá e a Erbil, capital regional da região curda, aconteceu no segundo dia de uma viagem pelo Oriente Médio, que também inclui a Jordânia, Egito, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait e Omã.
Pompeo tem a responsabilidade de explicar a política norte-americana a região depois que Trump anunciou a retirada de todas as 2 mil tropas dos EUA da Síria, preocupando aliados e surpreendendo importantes autoridades norte-americanas. O secretário de Defesa Jim Mattis renunciou ao cargo após a decisão.
As forças dos EUA tem trabalhado com uma milícia curda para combater o Estado Islâmico na região. Os curdos controlam uma faixa do nordeste da Síria, base de Washington no conflito que tem atraído a Rússia, Irã, Turquia e outras potências regionais.
Washington tem afirmado repetidamente que seus aliados curdos permanecerão seguros apesar da retirada. Mas, a Turquia, que considera a milícia síria curda YPG uma inimiga, tem se comprometido a destruir o grupo e repudiado qualquer sugestão de protegê-los depois que as tropas norte-americanas deixarem a região.
Na terça-feira, o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, criticou o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, por sugerir que proteger os curdos seria uma pré-condição da retirada dos EUA, o que chamou de "grave erro".
Questionado em Erbil se a reação de Erdogan sobre a proteção dos curdos coloca a retirada em risco, Pompeo disse a repórteres: "Não. Nós estamos conversando com eles agora mesmo sobre como vamos efetuar isso de uma maneira que proteja as nossas forças".
"É importante que nós façamos tudo que podemos para garantir que aqueles que lutaram conosco estejam protegidos e Erdogan assumiu compromissos, ele entende isso", acrescentou.