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Ameaça de Chávez de não vender petróleo aos EUA seria suicídio

Os Estados Unidos asseguraram esta segunda-feira que "não têm a intenção de preparar uma ação militar contra a Venezuela"

Chávez advertiu que se Washington apoiar "uma agressão armada", eu governo não venderá "uma gota de petróleo a mais" aos EUA (.)

Chávez advertiu que se Washington apoiar "uma agressão armada", eu governo não venderá "uma gota de petróleo a mais" aos EUA (.)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2010 às 21h20.

Caracas - A ameaça do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de suspender a venda de petróleo aos Estados Unidos, caso ele apoie um eventual ataque da Colômbia contra a Venezuela, seria um "suicídio econômico" para um país que depende de petróleo e enfrenta uma recessão, afirmam especialistas.

"Literalmente, suspender a venda de petróleo aos Estados Unidos, o único cliente que paga todas as suas contas, seria um suicídio econômico, em particular se for levado em conta a longa recessão (...) e a inflação mais elevada da região" em que está mergulhada a Venezuela, explicou à AFP o economista Orlando Ochoa.

No domingo, Chávez advertiu que se Washington apoiar "uma agressão armada" contra seu país, a partir "do território colombiano ou de outro local", seu governo não venderá "uma gota de petróleo a mais" aos Estados Unidos, embora na Venezuela "tenhamos que comer pedra".

Os Estados Unidos asseguraram esta segunda-feira que "não têm a intenção de preparar uma ação militar contra a Venezuela" e reforçaram que os dois países têm "uma relação energética mutuamente benéfica", que Washington deseja que "continue".

A exportação de petróleo representa aproximadamente 90% dos ganhos em divisas na Venezuela e os Estados Unidos são o principal comprador de petróleo deste país sul-americano membro da Opep.

"É simplesmente uma medida econômica que não será executada, mas se for executada, seria a curto prazo porque em três meses estaríamos em uma situação precária (...), não haveria divisas para o comércio, nem a indústria, e a inflação dispararia muito mais", afirmou o economista Jesús Cacique.

A Venezuela, que exerce um intenso controle do mercado de divisas, enfrenta uma recessão econômica desde 2009, quando o PIB caiu 3,3%. Além disso, tem a maior inflação da região, que chegou a 16,3% no fim do primeiro semestre de 2010, e encerrou 2009 com 25,1%.

Por isso, para Ochoa o mais provável é que a ameaça de Chávez "fique na retórica" e seja apenas uma forma de "incluir os Estados Unidos na problemática com a Colômbia para justificar o fracasso econômico do seu governo".

Na semana passada, Chávez rompeu relações diplomáticas com a Colômbia, depois que o país vizinho denunciou, perante a Organização de Estados Americanos (OEA), a presença de guerrilheiros em território venezuelano, exibindo supostas provas da presença "ativa" de grupos rebeldes no país.

Desde então, o presidente venezuelano assegurou, em repetidas ocasiões, que o "império" americano planeja atacar seu país a partir da Colômbia.


O ministro venezuelano do Petróleo, Rafael Ramírez, assegurou no domingo que a estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA), encarregada da produção petrolífera no país, está em "alerta amarelo" e "pronta para suspender o envio de petróleo e produtos aos Estados Unidos, caso o país sofra algum tipo de agressão militar".

Segundo Cacique, com a mesma tendência nos preços do petróleo e o volume de 950.000 barris diários exportados aos Estados Unidos durante abril de 2010, a Venezuela deixaria de receber "entre 10,5 e 11 bilhões de dólares até o fim do ano".

"O país não tem mercado para colocar seu petróleo de forma tão fácil como nos Estados Unidos. A afirmação de Chávez foi feita só em termos políticos e populistas, sem medir o impacto econômico que teria", concluiu.

A Venezuela produz 3,1 milhões de barris de petróleo por dia (mbd), segundo números oficiais, embora a Opep lhe atribua uma produção de 2,32 mbd.

Há um ano, Chávez já tinha congelado as relações diplomáticas com a Colômbia a partir de um acordo de cooperação militar entre Bogotá e Washington que a Venezuela considera uma "ameaça".


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