Alemanha tem queda histórica do PIB — EUA também deve anunciar recorde
Americanos devem registrar a maior contração da economia por trimestre desde a Segunda Guerra; Alemanha teve pior desempenho em meio século
Ernesto Yoshida
Publicado em 30 de julho de 2020 às 07h00.
Última atualização em 30 de julho de 2020 às 07h02.
Duas das maiores economias do mundo divulgam nesta quinta-feira (30) os dados do crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano, e as notícias não vão ser nada boas. Tanto os Estados Unidos como a Alemanha deverão apresentar uma das piores contrações de suas economias em várias décadas, já que o período de abril a junho abarca o pico da pandemia e da paralisação das atividades nesses países.
Nos Estados Unidos, os economistas preveem uma queda de 33% a 34% do PIB no segundo trimestre, em taxa anualizada (ou seja, a taxa trimestral extrapolada para o ano). Seria a maior queda trimestral desde o fim da Segunda Guerra, quando o Departamento de Análises Econômicas (BEA) começou a compilar esse índice, e três vezes a pior taxa registrada no país até agora (queda de 10% em 1958). No primeiro trimestre deste ano, o PIB americano caiu 5%.
Na Alemanha, após uma queda de 2,2% no primeiro trimestre, a previsão era que o PIB caísse mais 11,9% no segundo trimestre. A queda foi até mais suave — 11,7%. Ainda assim, é a queda mais acentuada desde que o país começou a fazer cálculos trimestrais do PIB, em 1970. É também mais que o dobro da contração da economia registrada no primeiro trimestre de 2009, durante a crise financeira global.
Para conter o avanço do coronavírus, a Alemanha decretou o lockdown no dia 22 de março, quando o número de novos casos de covid-19 se aproximava de 7.000 por dia. Com a estabilização da pandemia, o país começou a reabrir sua economia gradualmente em 20 de abril. Nos últimos dias, o coronavírus voltou a preocupar o país – ontem, foram registrados 860 novos casos e 5 óbitos.
De maneira geral, a flexibilização da economia deve garantir um segundo semestre um pouco melhor, mas não o suficiente para salvar o ano. A previsão do Fundo Monetário Internacional é que o PIB alemão tenha uma redução de 7,8% neste ano e se recupere em 2021, quando está projetado uma expansão de 5,4%.
Para os Estados Unidos, o FMI prevê uma contração de 8% neste ano e um crescimento de 4,5% em 2021. No entanto, com o coronavírus ainda causando muitas vítimas (ontem, foram registrados quase 63.000 novos casos e 1.300 óbitos no país), mais empresas estão sendo forçadas a recuar em seus planos de reabertura. No Congresso, republicanos e democratas não chegam a um acordo sobre uma nova ajuda do governo aos desempregados, o que pode piorar a situação da economia nos próximos meses.
Nesta quinta-feira, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos vai divulgar o número de pessoas que entraram com pedido de seguro desemprego na semana que se encerrou em 25 de julho. A previsão é que 1,4 milhão de americanos requereram o seguro desemprego nesse período, elevando para mais de 54 milhões o número de desempregados que solicitaram o benefício desde meados de março.