Wolfgang Schäuble: "não consigo ver o que há por trás desta valorização" (Philippe Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2011 às 09h41.
Berlim - O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, declarou nesta quarta-feira que é preciso "romper o oligopólio das agências de classificação e limitar sua influência", um dia depois que a agência Moody's reduziu inesperadamente em quatro escalões a dívida de Portugal.
"Não consigo ver o que há por trás desta valorização", declarou Schäuble, referindo-se à classificação da Moody's.
Mais cedo, a Comissão Europeia também criticou com veemência a decisão da agência de classificação financeira Moody's de rebaixar a nota de Portugal à categoria de bônus "especulativos" ou "junk" (lixo), por considerar a medida "discutível".
"A Comissão lamenta a decisão da Moody's, que se baseia em cenários discutíveis", declarou à imprensa o porta-voz do bloco para assuntos econômicos, Amadeu Altafaj, para quem o momento escolhido é "muito inapropriado".
A Moody's rebaixou na véspera a nota de Portugal em quatro degraus, de "Baa1" para "Ba2", e citou a possibilidade de baixá-la ainda mais no curto prazo, por estimar que o país poderá não obter novos empréstimos nos mercados sem outro plano de resgate.
A Moody's também informou que Portugal não consegue cumprir as promessas feitas à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de redução do déficit.
A decisão da agência reflete "o crescente risco de que Portugal tenha que recorrer a um novo financiamento oficial antes de conseguir retornar aos mercados privados".
Em resposta, o governo português disse que a degradação pela agência Moody's, que conduziu o país à categoria especulativa, mostra a "vulnerabilidade da economia portuguesa" no contexto da crise da dívida, segundo indicou nesta terça-feira o Ministério das Finanças em comunicado.
"A decisão da Moody's ignora os efeitos da taxa extraordinária sobre os títulos", lamentou o ministério, completando que "esta medida prova a determinação do governo de garantir as metas de déficit para este ano".