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Alegações sobre Palocci são teste para Dilma

O mais importante ministro da equipe de Dilma, Antônio Palocci vira distração para atrasar agenda de reformas e fragilizar ala mais rígida do novo governo do PT

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 12h18.

Brasília - As revelações de um aumento significativo no patrimônio pessoal do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, parecem ter pouca munição para tirá-lo do cargo, mas podem se transformar em uma grande dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff.

Embora não existam provas de que Antonio Palocci tenha cometido algum delito, ele é o ministro mais importante a ter sido atingido por um escândalo desde a posse de Dilma, em 1o de janeiro.

Parlamentares da oposição buscam com afinco obter explicações sobre o crescimento do patrimônio do ministro, fato que veio à tona em reportagem publicada no domingo pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, o patrimônio do favorito de Wall Street e figura-chave das políticas econômicas do governo Dilma Rousseff aumentou 20 vezes desde 2006.

A reportagem não alegou nenhum delito por parte do ministro, que afirma que o dinheiro foi ganho legitimamente por meio da empresa de consultoria econômico-financeira Projeto, que ele comandou enquanto era deputado federal, entre 2006 e 2010. Mas motivou movimentos da oposição para que Palocci -- que abandonou o cargo de ministro da Fazenda no início de 2006 em função de um escândalo distinto -- divulgue todas as informações sobre os clientes da consultoria, para comprovar que não usou a empresa para fazer uso de sua influência.

As alegações existentes até o momento não parecem ser suficientemente contundentes para enfraquecê-lo de maneira grave, nem lhe custar seu cargo, mas o mercado financeiro pode ter os ânimos abalados se surgirem provas de alguma irregularidade financeira.

Palocci, de 50 anos, é visto como a voz mais forte da ortodoxia econômica no governo Dilma e defensor de uma política monetária e fiscal mais rígida para frear a pressão inflacionária que vem ameaçando a economia do país este ano.

"Eles terão que trazer mais sujeira à tona. A sujeira que encontraram não é tão ruim assim", disse o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).


Mesmo que as acusações não dêem em nada, representam um retorno indesejável do cheiro de escândalo que cercou Palocci desde sua saída do governo anterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além disso, a distração com um escândalo poderá atrasar ainda mais a aprovação pelo Congresso da agenda de reformas de Dilma, que inclui mudanças tributárias favoráveis às empresas e a uma legislação-chave sobre a distribuição dos royalties provenientes da exploração do petróleo da camada do pré-sal.

Mais informações

Os partidos da oposição, que até agora pouparam a presidente de grandes golpes desde sua posse, pediram informações sobre as operações da empresa Projeto ao Ministério Público e Receita Federal e tentam levar o ministro à Câmara dos Deputados para explicar seu enriquecimento patrimonial.

Na terça-feira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informou que examinaria os pedidos de investigação que chegarem às suas mãos, mas disse que as informações divulgadas pela imprensa eram "insuficientes" para formar "qualquer posicionamento".

No mesmo dia em que foi publicada a reportagem, o ministro esclareceu em nota que sua evolução patrimonial consta na declaração de Imposto de Renda.

Em outro comunicado, enviado a parlamentares na terça-feira, alegou que "273 deputados federais e senadores da atual legislatura são sócios de estabelecimentos comercial, industrial, de prestação de serviços ou de atividade rural".

"No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais no mercado", diz a nota, esclarecendo ainda que foram tomadas as medidas legais para evitar que sua atuação resultasse em conflito de interesse com o exercício de cargo público.

"Se o casso chegasse a um tribunal, o juiz forçaria a divulgação das informações, mas não estou certo se chegará a esse ponto", disse Fleischer.


O ministro, segundo a Folha, comprou dois imóveis por meio da empresa Projeto. Um apartamento de 6,6 milhões de reais e uma sala comercial de 882 mil reais, em São Paulo, ambos adquiridos antes de assumir o ministério.

Em 2006, Palocci também enfrentou turbulências políticas e deixou o governo após ser envolvido na denúncia de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Sua situação ficou insustentável depois que o caseiro testemunhou em uma CPI afirmando que Palocci frequentava a chamada casa do lobby, ou República de Ribeirão Preto. A casa, em Brasília, frequentada por ex-assessores, era apontada como local de organização de lobby junto ao governo federal.

Mesmo assim, o ex-ministro se candidatou à Câmara e foi eleito. No Congresso, tentou manter a discrição e presidiu a Comissão Especial da Reforma Tributária. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal livrou Palocci de processo sobre a violação.

No ano passado, o ministro desistiu de concorrer à reeleição parlamentar para se dedicar à coordenação da campanha de Dilma.

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Brasília - As revelações de um aumento significativo no patrimônio pessoal do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, parecem ter pouca munição para tirá-lo do cargo, mas podem se transformar em uma grande dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff.

Embora não existam provas de que Antonio Palocci tenha cometido algum delito, ele é o ministro mais importante a ter sido atingido por um escândalo desde a posse de Dilma, em 1o de janeiro.

Parlamentares da oposição buscam com afinco obter explicações sobre o crescimento do patrimônio do ministro, fato que veio à tona em reportagem publicada no domingo pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, o patrimônio do favorito de Wall Street e figura-chave das políticas econômicas do governo Dilma Rousseff aumentou 20 vezes desde 2006.

A reportagem não alegou nenhum delito por parte do ministro, que afirma que o dinheiro foi ganho legitimamente por meio da empresa de consultoria econômico-financeira Projeto, que ele comandou enquanto era deputado federal, entre 2006 e 2010. Mas motivou movimentos da oposição para que Palocci -- que abandonou o cargo de ministro da Fazenda no início de 2006 em função de um escândalo distinto -- divulgue todas as informações sobre os clientes da consultoria, para comprovar que não usou a empresa para fazer uso de sua influência.

As alegações existentes até o momento não parecem ser suficientemente contundentes para enfraquecê-lo de maneira grave, nem lhe custar seu cargo, mas o mercado financeiro pode ter os ânimos abalados se surgirem provas de alguma irregularidade financeira.

Palocci, de 50 anos, é visto como a voz mais forte da ortodoxia econômica no governo Dilma e defensor de uma política monetária e fiscal mais rígida para frear a pressão inflacionária que vem ameaçando a economia do país este ano.

"Eles terão que trazer mais sujeira à tona. A sujeira que encontraram não é tão ruim assim", disse o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).


Mesmo que as acusações não dêem em nada, representam um retorno indesejável do cheiro de escândalo que cercou Palocci desde sua saída do governo anterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além disso, a distração com um escândalo poderá atrasar ainda mais a aprovação pelo Congresso da agenda de reformas de Dilma, que inclui mudanças tributárias favoráveis às empresas e a uma legislação-chave sobre a distribuição dos royalties provenientes da exploração do petróleo da camada do pré-sal.

Mais informações

Os partidos da oposição, que até agora pouparam a presidente de grandes golpes desde sua posse, pediram informações sobre as operações da empresa Projeto ao Ministério Público e Receita Federal e tentam levar o ministro à Câmara dos Deputados para explicar seu enriquecimento patrimonial.

Na terça-feira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informou que examinaria os pedidos de investigação que chegarem às suas mãos, mas disse que as informações divulgadas pela imprensa eram "insuficientes" para formar "qualquer posicionamento".

No mesmo dia em que foi publicada a reportagem, o ministro esclareceu em nota que sua evolução patrimonial consta na declaração de Imposto de Renda.

Em outro comunicado, enviado a parlamentares na terça-feira, alegou que "273 deputados federais e senadores da atual legislatura são sócios de estabelecimentos comercial, industrial, de prestação de serviços ou de atividade rural".

"No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais no mercado", diz a nota, esclarecendo ainda que foram tomadas as medidas legais para evitar que sua atuação resultasse em conflito de interesse com o exercício de cargo público.

"Se o casso chegasse a um tribunal, o juiz forçaria a divulgação das informações, mas não estou certo se chegará a esse ponto", disse Fleischer.


O ministro, segundo a Folha, comprou dois imóveis por meio da empresa Projeto. Um apartamento de 6,6 milhões de reais e uma sala comercial de 882 mil reais, em São Paulo, ambos adquiridos antes de assumir o ministério.

Em 2006, Palocci também enfrentou turbulências políticas e deixou o governo após ser envolvido na denúncia de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Sua situação ficou insustentável depois que o caseiro testemunhou em uma CPI afirmando que Palocci frequentava a chamada casa do lobby, ou República de Ribeirão Preto. A casa, em Brasília, frequentada por ex-assessores, era apontada como local de organização de lobby junto ao governo federal.

Mesmo assim, o ex-ministro se candidatou à Câmara e foi eleito. No Congresso, tentou manter a discrição e presidiu a Comissão Especial da Reforma Tributária. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal livrou Palocci de processo sobre a violação.

No ano passado, o ministro desistiu de concorrer à reeleição parlamentar para se dedicar à coordenação da campanha de Dilma.

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