Ele passou 16 anos em uma prisão para ex-presidentes no leste de Lima (Luka Gonzales/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 12 de setembro de 2024 às 05h52.
O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, morreu nesta quarta-feira, 11, aos 86 anos, em sua residência, onde se recuperava de um tratamento de câncer, anunciou a família.
"Após uma longa batalha contra a doença, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir ao encontro do Senhor. Pedimos àqueles que o apreciavam que nos acompanhem com uma oração pelo eterno descanso de sua alma. Obrigado por tudo, papai!", publicaram na rede social X Keiko, Hiro, Sachie e Kenji, filhos do ex-presidente.
Alberto Fujimori, que governou o país com mão de ferro entre 1990 e 2000, na época das sangrentas guerrilhas maoístas, havia recuperado sua liberdade em dezembro após passar 16 anos em uma prisão para ex-presidentes no leste de Lima.
Ele cumpria uma sentença de 25 anos por sequestro, desaparecimento forçado e homicídio, entre outras violações de direitos humanos perpetradas por agentes do Estado.
A justiça ordenou sua libertação por razões humanitárias.
A Presidência peruana indicou na rede social X que "lamenta o sensível falecimento do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori" e enviou condolências à família.
O chefe de gabinete ministerial, Gustavo Adrianzén, indicou que coordenará com a família Fujimori os detalhes do funeral.
Até o momento, as autoridades não confirmaram se ele receberá honras de Estado.
Promotor do crescimento econômico, Fujimori, de origem japonesa, foi um "precursor na América Latina de um estilo de fazer política", disse à AFP o analista político Augusto Álvarez.
Em sua opinião, o ex-presidente, que surgiu na cena pública como um outsider ao vencer nas urnas o escritor Mario Vargas Llosa, impulsionou um modelo "autoritário e populista" que se replicou em muitos outros países da região, em movimentos de esquerda ou direita.
A saúde de Fujimori se deteriorou rapidamente na última semana, após concluir em agosto um tratamento de radioterapia na boca, indicaram à AFP fontes próximas à família nas últimas horas.
Um padre católico chegou pela tarde desta quarta-feira à residência no distrito de San Borja, na capital peruana, onde vivia junto à sua filha mais velha, Keiko Fujimori.
O ex-presidente foi visto publicamente pela última vez na quinta-feira passada, quando saía de uma clínica no distrito de Miraflores, onde fez uma tomografia, segundo ele mesmo revelou.
Em 14 de julho, sua filha Keiko, ex-candidata à presidência, anunciou que o líder de direita se candidataria nas eleições presidenciais de 2026.
Em maio passado, Fujimori comunicou que foi detectado um tumor maligno na língua, após sofrer por mais de 27 anos uma lesão cancerígena no mesmo órgão.
A notícia sobre sua morte se espalhou como pólvora nas redes sociais, onde simpatizantes e detratores dissertam em elogios e críticas.
Fujimori conseguiu derrotar a guerrilha maoísta do Sendero Luminoso, cujos principais líderes foram presos.
Ele foi condenado a 25 anos de prisão por dois massacres de civis perpetrados por um esquadrão do Exército no contexto da luta contra esse grupo armado no início da década de 1990.