O egípcio (d), de 60 anos e cirurgião profissional, é considerado o braço direito de Osama (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2011 às 21h40.
Washington - A morte de Osama bin Laden em uma operação arquitetada pelos Estados Unidos no Paquistão coloca seu braço direito, Ayman al-Zawahiri, como seu possível sucessor na organização terrorista Al Qaeda.
O egípcio Al-Zawahiri, de 60 anos e cirurgião profissional, é considerado há anos o braço direito de Bin Laden e responsável por alguns dos massacres realizados pela organização terrorista nos últimos anos.
Não em vão, o governo dos EUA oferece uma recompensa de US$ 25 milhões por sua captura, valor que deve subir caso assuma a liderança da organização terrorista, como acreditam os especialistas.
Al-Zawahiri conheceu Bin Laden em 1985, na cidade de Peshawar, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, onde acertaram a organização de 20 mil combatentes voluntários árabes contra a ocupação soviética do país.
A fundação da Al Qaeda data dessa época, quando foi criada para combater o regime pró-soviético de Cabul, bem como a origem da "Frente Islâmica Mundial" para combater os "cruzados" e os "judeus", cuja carta fundadora foi assinada em 1998 conjuntamente por Bin Laden e Al-Zawahiri.
Procedente de uma família egípcia de classe média, casou-se em 1979 com Azza Nawira, membro de uma rica família do sul do Egito, país no qual viveram até 1984 e no qual nasceu sua primeira filha, Fátima.
Ainda na adolescência, Al-Zawahiri teve seu nome foi associado aos militantes islâmicos e foi preso por pertencer à "Irmandade Muçulmana", o partido islâmico mais antigo do mundo árabe, fundado no Egito em 1927.
A primeira ação terrorista da qual foi acusado foi de ter organizado o assassinato do presidente egípcio Anwar el-Sadat em 1981, durante um desfile militar no Cairo.
Após o homicídio, passou três anos preso por porte ilegal de armas e posteriormente viajou pela Arábia Saudita e Paquistão. Em Peshawar prestou socorro aos 'mujahedins' que lutavam no Afeganistão e se uniu a Osama bin Laden, fundador da Al Qaeda.
No início dos anos 1990, seguiu Bin Laden no Sudão quando se estabeleceu em Cartum após ser expulso da Arábia Saudita. Em meados da década, Al-Zawahiri teria viajado aos Estados Unidos e Reino Unido, utilizando sempre passaportes falsos e em busca de doações para seu grupo.
Em 1995, reapareceu junto com Bin Laden em um vídeo no qual ambos ameaçavam os EUA com represálias pela prisão do xeque egípcio Omar Abdel Rahman, em conexão com o atentado de 1993 contra o World Trade Center de Nova York.
Após a morte de Abdulah Azzam, mentor religioso de Bin Laden, em um atentado em 1997, Al-Zawahiri se transformou em ideólogo do grupo e se deslocou aos acampamentos de treinamento da Al Qaeda no Afeganistão.
Um ano depois, foi um dos signatários da fatwa (decreto islâmico) de Bin Laden, na qual era determinado o ataque dos interesses dos Estados Unidos no mundo todo.
Em 1999, foi acusado pelos EUA, junto com Bin Laden e 14 supostos membros de sua rede, dos atentados perpetrados em 1998 contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, que causaram cerca de 240 mortes.
Após os atentados de 11 de setembro, a Interpol ordenou sua busca e captura, sob a acusação de ser "um dos cabeças da Al Qaeda".
Em 7 de outubro de 2001, coincidindo com o primeiro ataque americano sobre o Afeganistão, apareceu junto a Bin Laden em um vídeo no qual advertia o povo americano: "Teu governo está te levando a uma guerra que certamente perderão".
Já em 10 de novembro, afirmou, em imagens divulgadas pelo canal "Al Jazeera", que os ataques dos EUA contra o Afeganistão não acabariam com a Al Qaeda.
Um mês depois, os meios de comunicação árabes informaram que sua esposa e quatro filhos haviam morrido em um bombardeio americano sobre a cidade de Kandahar, no qual ele próprio ficou ferido.
Nos últimos anos, especialmente desde 2004, apareceu com frequência em vídeos e gravações sonoras, o que serviu para gerar rumores sobre sua morte e seu precário estado de saúde.
Os EUA tentaram eliminá-lo sem sucesso. Em janeiro de 2006 foi lançado um bombardeio em uma região tribal de Bajaur sob a suspeita de que Zawahiri estaria lá.
Ao todo, 18 pessoas morreram no ataque, mas o líder, que tinha visitado o local dias antes, não estava entre elas. Por enquanto, continua sendo procurado.