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Al Qaeda assume autoria de atentado contra Charlie Hebdo

Por meio de vídeo divulgado na internet, um dos líderes da AQPA, Nasr bin Ali al Anesi, afirmou que atentado foi planejado e financiado por cúpula


	Lápis em apoio às vítimas do ataque ao Charlie Hebdo: irmãos Kouachi seguiram ordens de Ayman al Zawahiri
 (Justin Tallis/AFP)

Lápis em apoio às vítimas do ataque ao Charlie Hebdo: irmãos Kouachi seguiram ordens de Ayman al Zawahiri (Justin Tallis/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2015 às 16h11.

Sana - O grupo Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), com base no Iêmen, assumiu nesta quarta-feira a autoria do atentado cometido há uma semana contra a redação do semanário satírico francês "Charlie Hebdo", que deixou 12 mortos.

Por meio de um vídeo divulgado na internet, com o título "Mensagem sobre a batalha sagrada de Paris", um dos líderes da organização, Nasr bin Ali al Anesi, afirmou que o atentado foi planejado e financiado pela cúpula da AQPA.

Além disso, revelou que os irmãos Saïd e Chérif Kouachi seguiram ordens de Ayman al Zawahiri, sucessor de Osama bin Laden, e morto em após o ataque de um drone americano em setembro de 2011.

Vestido com roupas características do Iêmen, Al Anesi disse que os atentados foram uma vingança contra as charges publicadas pelo "Charlie Hebdo", consideradas como ofensivas pelos radicais.

"Nós, Al Qaeda na Península Arábica, reivindicamos a responsabilidade desta operação perpetrada como vingança pelo mensageiro de Alá e esclarecemos que quem escolheu o objetivo e o planejou, financiou e designou seus autores são os líderes desta organização", explicou Al Anesi.

Com um discurso avaliado como pretensioso, o líder da AQPA chamou os autores do atentado de "heróis do Islã". E ameaçou o Ocidente com mais ataques.

"Se as ofensas contra Maomé, o assassinato de muçulmanos e os roubos de suas riquezas não forem interrompidos, os lobos solitários farão os povos ocidentais sofrerem", alertou Al Anesi, acrescentando também a necessidade da saída dos infiéis das terras do Islã.

O dirigente extremista qualificou o atentado como "um ponto de inflexão na história da luta contra os inimigos de Alá".

Afirmou também que as feridas dos "chefes da apostasia" (em referência aos líderes ocidentais) não serão curadas "nem em Paris, nem em Nova York, nem em Washington, nem Londres e na Espanha".

Al Anesi não reivindicou diretamente a autoria dos ataques perpetrados nos dois dias seguintes, incluindo o do mercado kosher de Paris, por Amedy Coulibaly, nos quais morreram outras cinco pessoas.

"Graças a Deus, esta operação (do "Charlie Hebdo") coincidiu com a do irmão jihadista Amedy Coulibaly. Que Deus os considere como mártires e os coloque ao lado dos profetas", acrescentou.

Antes de morrer, Saïd Koachi confessou em declarações à uma emissora de TV francesa que tinha recebido treinamento no Iêmen, o que pôs o país na mira dos países ocidentais.

Hoje, o presidente do Iêmen, Abdo Rabbo Mansour Hadi, denunciou o que chamou de "uma campanha informativa injusta" contra seu país, e não confirmou a entrada de Saïd no território iemenita.

"Parecem se esquecer que ele esteve preso dois anos na França", questionou.

Por outro lado, apesar da justificativa religiosa dos atentados da Al Qaeda, o analista político iemenita especializado em assuntos jihadistas, Said al Yehmi, disse à Agência Efe que, embora o insulto a Maomé tenha sido aproveitado, a organização não pode deixar de cometer atentados contra o Ocidente porque eles justificam sua existência.

"Levantar a bandeira da inimizade contra o Ocidente semeia a euforia entre os decepcionados com as políticas da região e dos Estados Unidos para casos que interessam os muçulmanos, como a Palestina", indicou Yehmi.

"Isso ajuda no recrutamento de mais adeptos, conseguir mais legitimidade para não se limitar a enfrentar as autoridades locais", acrescentou o especialista.

A reivindicação da autoria do ataque contra o "Charlie Hebdo" coincidiu com a publicação da primeira edição do semanário após o incidente.

Maomé foi mais uma vez retratado na capa, assim como nas charges que causaram a revolta dos radicais.

Em poucas horas, as cópias dos jornais se esgotaram nas bancas francesas. Por isso, foi decidido ampliar a tiragem para cinco milhões de exemplares, dois milhões a mais do que o inicialmente previsto

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