Al-Attiyah convida autoridades para reunião informal
Intenção é discutir um conjunto de tópicos fundamentais para avançar nas ações para mitigação e adaptação às mudanças climáticas
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2012 às 17h05.
São Paulo - Originalmente (suponho eu) as mesas redondas eram reuniões feitas em mesas sem cabeceira com os participantes sentados à volta, todos no mesmo nível. Depois virou um termo retórico para um formato de reunião com uma mesa retangular montada sobre um palco, do qual falam alguns convidados e o resto dos participantes talvez tenha tempo de fazer perguntas, se ninguém lá do alto atrasar com discursos muito longos sobre si mesmo. Ou seja, o propósito inicial da mesa redonda – discutir de fato um assunto, de igual para igual –mal sobrevive em segundo plano.
Mais ou menos na mesma linha seguem as conferências das partes da Convenção de Mudanças Climáticas, recheadas de round tables (mesas redondas) amarradas por protocolos. Em geral, na primeira semana, o palco (ou o microfone) é de hábeis negociadores de alguns poucos países e o resto se enrola nas questões de ordem para conseguir espaço. As discussões são longas, cansativas, muito tempo se perde em rodeios e, no fim, as alterações nos documentos são feitas pelos mais persistentes, com melhor preparo diplomático para puxar a brasa para sua sardinha.
Os ministros com poder de decisão chegam na segunda semana – precisamente a que hoje se inicia no Qatar na 18ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP18). Vêm para fechar o que seus negociadores ajeitaram ou para “melar” os artigos e os termos que não interessam. E nem sempre sentam para discutir o mérito, o conteúdo, com a disposição de se ouvirem mutuamente, como seria necessário.
Talvez para quebrar esse modus operandi, talvez para provar sua disposição em ser um anfitrião realmente interessado em resultados, o presidente da COP18, primeiro-ministro Abdullah bin Hamad Al-Attiyah, convidou todos os ministros e os chefes de delegações para uma reunião informal, a ser realizada na próxima quarta feira, com o tema “Ambition, support and delivery, now and in the future” (Ambição, apoio e entrega, agora e no futuro, em tradução livre). A intenção, aparentemente, é discutir um conjunto de tópicos fundamentais para avançar justamente no conteúdo, nas ações para mitigação e adaptação às mudanças climáticas e nos meios de implementação dessas ações (leia-se recursos humanos e financeiros).
A discussão, diz o convite, “oferecerá a oportunidade para reflexões de alto nível e para uma construtiva troca de pontos de vista”. Nenhum documento sairá desta reunião e a estrutura de intervenções foi montada para facilitar a palavra a todos, sem prévia inscrição ou declaração de intenção.
Se pudesse escolher uma única reunião para comparecer como jornalista ambiental em Doha, seria esta, sem dúvida. Há anos não participo de uma mesa redonda realmente redonda… Gostaria de ver como funciona…
São Paulo - Originalmente (suponho eu) as mesas redondas eram reuniões feitas em mesas sem cabeceira com os participantes sentados à volta, todos no mesmo nível. Depois virou um termo retórico para um formato de reunião com uma mesa retangular montada sobre um palco, do qual falam alguns convidados e o resto dos participantes talvez tenha tempo de fazer perguntas, se ninguém lá do alto atrasar com discursos muito longos sobre si mesmo. Ou seja, o propósito inicial da mesa redonda – discutir de fato um assunto, de igual para igual –mal sobrevive em segundo plano.
Mais ou menos na mesma linha seguem as conferências das partes da Convenção de Mudanças Climáticas, recheadas de round tables (mesas redondas) amarradas por protocolos. Em geral, na primeira semana, o palco (ou o microfone) é de hábeis negociadores de alguns poucos países e o resto se enrola nas questões de ordem para conseguir espaço. As discussões são longas, cansativas, muito tempo se perde em rodeios e, no fim, as alterações nos documentos são feitas pelos mais persistentes, com melhor preparo diplomático para puxar a brasa para sua sardinha.
Os ministros com poder de decisão chegam na segunda semana – precisamente a que hoje se inicia no Qatar na 18ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP18). Vêm para fechar o que seus negociadores ajeitaram ou para “melar” os artigos e os termos que não interessam. E nem sempre sentam para discutir o mérito, o conteúdo, com a disposição de se ouvirem mutuamente, como seria necessário.
Talvez para quebrar esse modus operandi, talvez para provar sua disposição em ser um anfitrião realmente interessado em resultados, o presidente da COP18, primeiro-ministro Abdullah bin Hamad Al-Attiyah, convidou todos os ministros e os chefes de delegações para uma reunião informal, a ser realizada na próxima quarta feira, com o tema “Ambition, support and delivery, now and in the future” (Ambição, apoio e entrega, agora e no futuro, em tradução livre). A intenção, aparentemente, é discutir um conjunto de tópicos fundamentais para avançar justamente no conteúdo, nas ações para mitigação e adaptação às mudanças climáticas e nos meios de implementação dessas ações (leia-se recursos humanos e financeiros).
A discussão, diz o convite, “oferecerá a oportunidade para reflexões de alto nível e para uma construtiva troca de pontos de vista”. Nenhum documento sairá desta reunião e a estrutura de intervenções foi montada para facilitar a palavra a todos, sem prévia inscrição ou declaração de intenção.
Se pudesse escolher uma única reunião para comparecer como jornalista ambiental em Doha, seria esta, sem dúvida. Há anos não participo de uma mesa redonda realmente redonda… Gostaria de ver como funciona…