Mundo

AIEA e Cazaquistão assinam acordo sobre banco de urânio

O banco de urânio pouco enriquecido pretende proporcionar uma reserva de combustível para ser posto à disposição dos Estados-Membros da AIEA


	Urânio: segundo o chefe da AIEA, o Cazaquistão é responsável por operar o banco de combustível nuclear, que não só proporcionará acesso confiável a combustível para as usinas nucleares, mas também ajudará a reduzir o risco de proliferação de tecnologias nucleares secretas
 (Getty Images)

Urânio: segundo o chefe da AIEA, o Cazaquistão é responsável por operar o banco de combustível nuclear, que não só proporcionará acesso confiável a combustível para as usinas nucleares, mas também ajudará a reduzir o risco de proliferação de tecnologias nucleares secretas (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2015 às 10h31.

Astana - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Cazaquistão assinaram nesta quinta-feira o acordo definitivo para estabelecer na antiga república soviética o primeiro banco mundial de urânio pouco enriquecido (LEU, na sigla em inglês).

O ministro das Relações Exteriores do Cazaquistão Erlan Idrissov e o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, assinaram o documento em cerimônia na capital do Cazaquistão, da qual participaram representantes dos Estados-Membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo Reino Unido, Rússia, Estados Unidos, China e França; e dos doadores do projeto; União Europeia, Noruega, Emirados Árabes Unidos e Kuwait.

O banco de urânio pouco enriquecido pretende proporcionar uma reserva de combustível para ser posto à disposição dos Estados-Membros da AIEA, a preços de mercado, como último recurso em caso de não serem capazes de obter urânio pouco enriquecido para a geração de energia no mercado comercial mundial.

A AIEA esteve trabalhando desde 2010 para estabelecer a reserva, cujo objetivo é conter suficiente LEU para satisfazer as necessidades de duas a três recargas de combustível para um reator elétrico de água leve de 1.000 megawatts (MW).

Segundo o chefe da AIEA, o Cazaquistão é responsável por operar o banco de combustível nuclear, que não só proporcionará acesso confiável a combustível para as usinas nucleares, mas também ajudará a reduzir o risco de proliferação de tecnologias nucleares secretas.

"A AIEA possuirá e controlará o banco de LEU, enquanto é operado pelo Cazaquistão. As questões de segurança e proteção do banco de urânio de AIEA serão regidas pelas leis e regulações do Cazaquistão", disse Amano durante a cerimônia de assinatura.

O ministro das Relações Exteriores do Cazaquistão Idrissov enfatizou o desejo de seu país de promover um mundo livre de armas nucleares.

"O presidente Cazaque Nazarbayev apoiou firmemente a iniciativa de estabelecer um banco deste tipo em nosso país. Nossa determinação de trabalhar para o uso pacífico da energia nuclear em muitos aspectos definiu nossa nação e nossa posição na comunidade internacional. Assim como o Cazaquistão se tornou independente, voluntariamente renunciamos ao quarto maior arsenal nuclear e de mísseis do mundo", disse Idrissov.

A embaixada americana divulgou um comunicado da Casa Branca no qual o presidente Barack Obama elogiou a "grande liderança do presidente Nazarbayev na não proliferação de armas nucleares que já tem mais de duas décadas."

"O governo do Cazaquistão, ao se oferecer como voluntário para receber o Banco LEU, que foi primeiramente concebido e financiado pela Iniciativa de Ameaça Nuclear (ONG americana), confirmou ainda mais sua reputação como líder mundial na promoção da não proliferação e na segurança nuclear", disse o comunicado.

Sob o mandato do presidente Nursultan Nazarbayev, o Cazaquistão renunciou a todas as armas nucleares da era soviética, destruiu o campo de testes nucleares de Semipalatinsk e se uniu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear como Estado não possuidor de armas nucleares. Também liderou a criação de uma área livre de armas nucleares na Ásia Central em 2009.

O Cazaquistão se ofereceu para receber o LEU em 2009. A instalação ficará na metalúrgica Ulba, em Oskemen, situada a leste do Cazaquistão. No total, o banco de LEU recebeu financiamento internacional de cerca de 133 milhões de euros da Iniciativa de Ameaça Nuclear, dos EUA, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Noruega e União Europeia.

Acompanhe tudo sobre:AIEACazaquistãoUrânio

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal