AI denuncia crimes contra humanidade no Sudão do Sul
Anistia Internacional denunciou o assassinato e o estupro de civis com motivação étnica no Sudão do Sul, que constituem crimes de guerra e contra a humanidade
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2014 às 10h29.
Londres - Anistia Internacional (AI) denunciou nesta quinta-feira o assassinato e o estupro sistemáticos de civis com motivação étnica no Sudão do Sul, que constituem crimes de guerra e contra a humanidade.
Em seu relatório "Não há nenhum lugar seguro: civis atacados no Sudão do Sul", a organização de defesa dos direitos humanos condena as "horríveis atrocidades" cometidas "por ambas as partes em conflito" no país africano, que além disso se some "em uma crise de fome".
No documento, a AI recolhe o testemunho de sobreviventes de massacres, vítimas de abusos sexuais e testemunhas de atrocidades em um enfrentamento que já causou mais de 1 milhão de deslocados e levou ao país mais jovem do mundo, emancipado do Sudão em 2011, "à beira do desastre humanitário".
A ONG explica que, desde a eclosão do conflito, em dezembro de 2013, as forças leais ao presidente Salva Kiir e o ex-vice-presidente Riek Machar e suas respectivas milícias atacaram civis em suas cidades, casas, igrejas e mesquitas e até em centros da ONU onde buscavam abrigo.
A AI descobriu nesses lugares corpos em estado de decomposição e cinco valas comuns em Bor com mais de 500 corpos, além de casas queimadas e armazéns de ajuda humanitária saqueados.
"A investigação revela o inimaginável sofrimento dos civis indefesos incapazes de fugir da espiral de violência no Sudão do Sul", afirma a subdiretora da AI para a África, Michelle Kagari.
"Crianças e mulheres grávidas foram estupradas e os idosos levaram tiros em suas macas no hospital", acrescenta a investigadora.
Kagari acusa ambos os lados de ter ignorado "os princípios mais fundamentais dos direitos humanos em nível internacional e a lei humanitária".
"Todos os responsáveis por cometer, ordenar ou permitir esses abusos tão graves, alguns dos quais são crimes de guerra e contra a humanidade, devem prestar contas", ressaltou.
Embora tenha começado com uma disputa política, o conflito tomou forma étnica, explica AI, com os Dinka majoritariamente aliados a Kiir e os Nuer a Machar.
Os dois bandos atacam deliberadamente membros da outra comunidade, constata a organização, que fez seu trabalho de campo em março de 2014.
Devido ao conflito, a situação humanitária é precária e apenas piora, pois os deslocados não puderam voltar a suas casas no momento crucial da semeadura. Se eles não plantarem as safras para junho de 2014, "a crise de fome será quase inevitável", diz AI.
A ajuda humanitária está sendo interceptada e, quando começar a época das chuvas, também não poderá chegar a seu destino por estrada.
AI denuncia que o envio de um reforço à força de paz no Sudão do Sul estipulado pela ONU o dezembro passado "está lento" e a missão no país tem dificuldades para proteger a população civil.
A Anistia recomenda que a missão da ONU se concentre em proteger civis, investigar abusos dos direitos e facilitar o acesso da ajuda humanitária e pede às partes em confronto que deem fim a suas violações dos direitos e da legislação internacional.
Londres - Anistia Internacional (AI) denunciou nesta quinta-feira o assassinato e o estupro sistemáticos de civis com motivação étnica no Sudão do Sul, que constituem crimes de guerra e contra a humanidade.
Em seu relatório "Não há nenhum lugar seguro: civis atacados no Sudão do Sul", a organização de defesa dos direitos humanos condena as "horríveis atrocidades" cometidas "por ambas as partes em conflito" no país africano, que além disso se some "em uma crise de fome".
No documento, a AI recolhe o testemunho de sobreviventes de massacres, vítimas de abusos sexuais e testemunhas de atrocidades em um enfrentamento que já causou mais de 1 milhão de deslocados e levou ao país mais jovem do mundo, emancipado do Sudão em 2011, "à beira do desastre humanitário".
A ONG explica que, desde a eclosão do conflito, em dezembro de 2013, as forças leais ao presidente Salva Kiir e o ex-vice-presidente Riek Machar e suas respectivas milícias atacaram civis em suas cidades, casas, igrejas e mesquitas e até em centros da ONU onde buscavam abrigo.
A AI descobriu nesses lugares corpos em estado de decomposição e cinco valas comuns em Bor com mais de 500 corpos, além de casas queimadas e armazéns de ajuda humanitária saqueados.
"A investigação revela o inimaginável sofrimento dos civis indefesos incapazes de fugir da espiral de violência no Sudão do Sul", afirma a subdiretora da AI para a África, Michelle Kagari.
"Crianças e mulheres grávidas foram estupradas e os idosos levaram tiros em suas macas no hospital", acrescenta a investigadora.
Kagari acusa ambos os lados de ter ignorado "os princípios mais fundamentais dos direitos humanos em nível internacional e a lei humanitária".
"Todos os responsáveis por cometer, ordenar ou permitir esses abusos tão graves, alguns dos quais são crimes de guerra e contra a humanidade, devem prestar contas", ressaltou.
Embora tenha começado com uma disputa política, o conflito tomou forma étnica, explica AI, com os Dinka majoritariamente aliados a Kiir e os Nuer a Machar.
Os dois bandos atacam deliberadamente membros da outra comunidade, constata a organização, que fez seu trabalho de campo em março de 2014.
Devido ao conflito, a situação humanitária é precária e apenas piora, pois os deslocados não puderam voltar a suas casas no momento crucial da semeadura. Se eles não plantarem as safras para junho de 2014, "a crise de fome será quase inevitável", diz AI.
A ajuda humanitária está sendo interceptada e, quando começar a época das chuvas, também não poderá chegar a seu destino por estrada.
AI denuncia que o envio de um reforço à força de paz no Sudão do Sul estipulado pela ONU o dezembro passado "está lento" e a missão no país tem dificuldades para proteger a população civil.
A Anistia recomenda que a missão da ONU se concentre em proteger civis, investigar abusos dos direitos e facilitar o acesso da ajuda humanitária e pede às partes em confronto que deem fim a suas violações dos direitos e da legislação internacional.