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AI denuncia abusos sexuais em campos de deslocados do Iraque

Segundo a Anistia Internacional, famílias vinculadas ao Estado Islâmico são as mais vulneráveis e muitas vezes deixam de receber comida e atendimento médico

Iraque: cerca de 613 mil iraquianos deslocados vivem em acampanamentos, segundo a ONU (Khalid Al-Mousily/Reuters)

Iraque: cerca de 613 mil iraquianos deslocados vivem em acampanamentos, segundo a ONU (Khalid Al-Mousily/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de abril de 2018 às 09h50.

Cairo - A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta terça-feira que as mulheres que vivem em campos de deslocados no Iraque sofrem pressões para manter relações sexuais em troca de dinheiro, ajuda humanitária e segurança.

A ONG recopilou denúncias de abusos sexuais nos oito campos de deslocados que visitou, quando elaborou o relatório "Os condenados: mulheres e crianças isoladas, presas e exploradas no Iraque".

Quatro mulheres contaram à AI que tinham presenciado diretamente algum estupro ou tinham ouvido em uma loja próxima os gritos de uma mulher que estava sendo estuprada por homens armados, membros da administração do campo ou outros residentes.

O coletivo mais vulnerável nos campos, segundo o relatório, são as mulheres e crianças que são familiares ou tiveram qualquer relação com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Conforme a AI, os responsáveis dos campos estão negando o alimento e o atendimento médico a estas pessoas simplesmente pelos supostos vínculos com o grupo jihadista.

"Talvez a guerra contra o Estado Islâmico no Iraque tenha terminado, mas o sofrimento da população iraquiana não. As mulheres e crianças com supostos vínculos com o Estado Islâmico estão sendo castigadas por delitos que não cometeram", afirmou a diretora de Investigação da AI para o Oriente Médio, Lynn Maalouf, no comunicado.

O relatório se baseou em entrevistas com 92 mulheres em oito campos para deslocados nas províncias de Nínive e Saladino, no norte do Iraque.

A equipe de investigação também entrevistou 30 membros do pessoal de ONG local e internacional, 11 membros das administrações dos campos e nove funcionários e ex-funcionários da ONU.

Cerca de 2,14 milhões de iraquianos seguem deslocados de seus lares, dos quais cerca de 613 mil residem em acampamentos, segundo dados da ONU.

Em dezembro, o Governo iraquiano anunciou o final da guerra contra o EI, que durou três anos, após reconquistar os últimos territórios que o grupo terrorista controlava.

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