Água chega a cidade de García Márquez
Os moradores de Aracataca, a cidade natal do escritor colombiano Gabriel García Márquez, esperaram "cem anos de solidão" para dispor de água corrente e potável
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2014 às 20h27.
Aracataca - Os moradores de Aracataca, a cidade natal do escritor colombiano Gabriel García Márquez e lugar que inspirou o Nobel de Literatura para criar o realismo mágico de Macondo, esperaram "cem anos de solidão" para dispor de água corrente e potável.
O ministro de Habitação e Território da Colômbia, Luis Felipe Henao, anunciou em Aracataca que a partir de março a cidade do departamento do Magdalena, ao norte do país e distante cerca de duas horas por estrada da caribenha cidade de Santa Marta, terá esse bem tão desejado em todas as casas.
O anúncio foi feito exatamente durante uma homenagem à personalidade mais ilustre de Aracataca, García Márquez, durante o "Hay Festival" realizado nesta quarta-feira na casa-museu que serviu de moradia à família do Nobel, agora reformada e centro de inspiração de criação literária.
"Isto foi uma história macondiana", reconheceu o ministro em entrevista à Agência Efe ao ser perguntado sobre a razão pela qual Macondo, um lugar rodeado de pântanos e rios, ainda não dispunha de água para o consumo humano durante mais de cem anos.
E o argumentou assim: "um dos temas mais graves de nossa história foi a corrupção. Foram mais de seis tentativas de construir o aqueduto e nunca chegou ao fim. Agora este governo considerou o aqueduto uma prioridade".
O próprio ministro lembrou que na obra literária de Gabo, como o escritor é conhecido em sua terra natal, há constantes referências à necessidade de água em uma região que registra altas temperaturas durante todo o ano.
Em "Cem anos de solidão", Gabo descreve cenas difíceis de acreditar, essas que levaram a inventar um novo conceito literário: o realismo mágico.
Entre elas uma chuva constante, e insólita, que não para durante 40 dias e 40 noites, secas prolongadas e até relata como os pássaros morrem de repente em pleno voo por causa do calor e caem desabados, tudo alusão a uma região onde a água é um bem mais do que precioso.
"O aqueduto fez parte da literatura de García Márquez porque sempre foi uma esperança desta região. Chegava água bruta a Aracataca, ou seja, água não própria para o consumo humano", revelou.
O ministro disse que embora 70% da população já tenha 12 horas de água, "em um mês terá 100% água potável".
Para isso, o governo do presidente Juan Manuel Santos realizou um investimento de 8 bilhões de pesos (cerca de US$ 4 milhões), declarou o ministro.
Estes fundos foram destinados a dotar de água potável e corrente os 30 mil moradores da cidade, mas também para desenvolver um espaço com alto potencial turístico exatamente por ser a terra que viu nascer o seu colombiano mais ilustre.
O objetivo é que com a chegada da água a Macondo se possa recuperar o patrimônio histórico, como já foi feito com a casa da família do escritor, transformada em museu. O passo seguinte será a restauração da igreja de San José, onde foi batizado o Nobel, além de construir hotéis e restaurantes, tudo para que Macondo seja desejado pelo setor turístico.
Este remoto lugar foi antes centro de operações da United Fruit Company, a empresa que plantava banana, e que em 1928 matou mil trabalhadores diante dos protestos exigindo melhorias no trabalho, segundo os moradores de Aracataca, em um trágico fato que Gabo relata de forma magistral em "Cem anos de solidão".
Sua economia hoje está baseada fundamentalmente no cultivo de azeite de dendê e espera-se que o turismo atraia recursos para tornar mais fácil a vida de seus moradores.
Aracataca - Os moradores de Aracataca, a cidade natal do escritor colombiano Gabriel García Márquez e lugar que inspirou o Nobel de Literatura para criar o realismo mágico de Macondo, esperaram "cem anos de solidão" para dispor de água corrente e potável.
O ministro de Habitação e Território da Colômbia, Luis Felipe Henao, anunciou em Aracataca que a partir de março a cidade do departamento do Magdalena, ao norte do país e distante cerca de duas horas por estrada da caribenha cidade de Santa Marta, terá esse bem tão desejado em todas as casas.
O anúncio foi feito exatamente durante uma homenagem à personalidade mais ilustre de Aracataca, García Márquez, durante o "Hay Festival" realizado nesta quarta-feira na casa-museu que serviu de moradia à família do Nobel, agora reformada e centro de inspiração de criação literária.
"Isto foi uma história macondiana", reconheceu o ministro em entrevista à Agência Efe ao ser perguntado sobre a razão pela qual Macondo, um lugar rodeado de pântanos e rios, ainda não dispunha de água para o consumo humano durante mais de cem anos.
E o argumentou assim: "um dos temas mais graves de nossa história foi a corrupção. Foram mais de seis tentativas de construir o aqueduto e nunca chegou ao fim. Agora este governo considerou o aqueduto uma prioridade".
O próprio ministro lembrou que na obra literária de Gabo, como o escritor é conhecido em sua terra natal, há constantes referências à necessidade de água em uma região que registra altas temperaturas durante todo o ano.
Em "Cem anos de solidão", Gabo descreve cenas difíceis de acreditar, essas que levaram a inventar um novo conceito literário: o realismo mágico.
Entre elas uma chuva constante, e insólita, que não para durante 40 dias e 40 noites, secas prolongadas e até relata como os pássaros morrem de repente em pleno voo por causa do calor e caem desabados, tudo alusão a uma região onde a água é um bem mais do que precioso.
"O aqueduto fez parte da literatura de García Márquez porque sempre foi uma esperança desta região. Chegava água bruta a Aracataca, ou seja, água não própria para o consumo humano", revelou.
O ministro disse que embora 70% da população já tenha 12 horas de água, "em um mês terá 100% água potável".
Para isso, o governo do presidente Juan Manuel Santos realizou um investimento de 8 bilhões de pesos (cerca de US$ 4 milhões), declarou o ministro.
Estes fundos foram destinados a dotar de água potável e corrente os 30 mil moradores da cidade, mas também para desenvolver um espaço com alto potencial turístico exatamente por ser a terra que viu nascer o seu colombiano mais ilustre.
O objetivo é que com a chegada da água a Macondo se possa recuperar o patrimônio histórico, como já foi feito com a casa da família do escritor, transformada em museu. O passo seguinte será a restauração da igreja de San José, onde foi batizado o Nobel, além de construir hotéis e restaurantes, tudo para que Macondo seja desejado pelo setor turístico.
Este remoto lugar foi antes centro de operações da United Fruit Company, a empresa que plantava banana, e que em 1928 matou mil trabalhadores diante dos protestos exigindo melhorias no trabalho, segundo os moradores de Aracataca, em um trágico fato que Gabo relata de forma magistral em "Cem anos de solidão".
Sua economia hoje está baseada fundamentalmente no cultivo de azeite de dendê e espera-se que o turismo atraia recursos para tornar mais fácil a vida de seus moradores.