Água, água em toda parte?Caribe aumenta custos da seca
Na Califórnia, uma seca histórica. No Brasil, racionamento de água. E agora as nações caribenhas têm rezado por chuva e estão contando suas perdas
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2015 às 21h15.
Os californianos estão sofrendo uma seca histórica, os brasileiros estão racionando água e o deserto do Atacama no Chile está rastejando para o sul.
Agora as nações caribenhas da Jamaica a Trinidade que têm rezado por chuva estão contando suas perdas.
O Caribe, uma região vulnerável a furacões devastadores, está sofrendo sua pior seca em, pelo menos, cinco anos devido ao padrão climático El Niño.
O fenômeno, que secou os campos de trigo do Canadá, causou alta nos preços de óleo de palma e ameaça aumentar a inflação global de alimentos, está deixando algumas ilhas com apenas metade de suas precipitações médias.
Porto Rico reduziu o acesso à água para quase 350.000 clientes.
Os produtores de manga dominicanos estão produzindo menos da metade das mais de 100 variedades que cultivam devido à escassez de chuva e à dependência de sistemas de irrigação.
Na Jamaica ocidental, um incêndio agravado pelas condições de seca destruiu centenas de acres do famoso café Blue Mountain.
“A Califórnia recebe toda a atenção, mas no Caribe a situação é pior porque o transporte de água em larga escala não é possível de forma alguma”, disse Toby Ault, professor no departamento de Ciências Atmosféricas e da Terra da Universidade Cornell, que monitora o Caribe.
Mesmo se a temporada de chuva que começa em 1º de junho trouxer alívio temporário, os pesquisadores acreditam que o Caribe está entrando em um período de seca estendida nunca visto antes.
Racionamento expandido
Com quase 1,6 milhão de pessoas afetadas pela seca e 12 dos 22 rios que abastecem as reservas em baixas recordes, Porto Rico, em 6 de junho, adicionou mais 40.000 clientes aos 307.000 que já recebiam água em dias alternados ou a cada três dias.
Dias antes, a Jamaica fechou algumas torneiras durante a noite na capital Kingston e cortou a água de moradores na cidade adjacente de Portmore durante o dia.
A seca no final do ano passado causou grande dano na agricultura, aprofundando dois trimestres consecutivos de contração econômica na ilha.
Na República Dominicana, “há pessoas em algumas comunidades em Santo Domingo que não têm uma gota nos canos há um mês”, disse Janina Segura, que coordena o departamento de Recursos Naturais do Centro para Agricultura e Desenvolvimento Florestal.
“Tem estado muito seco para fazendeiros plantarem grãos básicos como feijão preto e culturas de exportação, como mangas, tiveram enormes perdas”.
Na cidade de Bani, no sudoeste dominicano, leitos de rios secaram, expondo pedras afiadas e areia branca, e nenhuma água está correndo pelo canal construído para abastecer os produtores de uma das variedades mais populares de manga do país, a Banilejo.
Na fazenda de Andrés Mejía, as árvores não estão florindo.
“Colheita Perdida”
“A fruta não vai se desenvolver”, disse Mejía, presidente da Associação dos Produtores de Manga Bani. “Se não começar a chover logo, o cultivo de exportação será perdido”.
Há, pelo menos, 90 por cento de chance do El Niño, causado pelas temperaturas acima da média na superfície do mar ao longo da costa do Pacífico Equatorial da América do Norte, durar até o próximo inverno e 80 por cento de chance de que ele dure até a primavera de 2016, de acordo com a Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos.
Da Jamaica, passando pelas pequenas ilhas do Caribe oriental sul, até Trinidade e Tobago, a perspectiva de seca irá continuar até setembro, de acordo com o Instituto de Meteorologia e Hidrologia do Caribe com base em Barbados.
Mesmo se chuvas trouxerem períodos de umidade é improvável que seja suficiente para reabastecer rios e reservatórios, disse Ault. Ao invés disso, ele vê a seca deste ano sendo replicada em anos futuros.
“Muito do que está acontecendo neste ano no Caribe está relacionado ao El Niño”, disse ele.
“Mas o que a mudança climática pode fazer é dar mais peso aos dados tornando mais prováveis as secas plurianuais e multidécadas”.
Os californianos estão sofrendo uma seca histórica, os brasileiros estão racionando água e o deserto do Atacama no Chile está rastejando para o sul.
Agora as nações caribenhas da Jamaica a Trinidade que têm rezado por chuva estão contando suas perdas.
O Caribe, uma região vulnerável a furacões devastadores, está sofrendo sua pior seca em, pelo menos, cinco anos devido ao padrão climático El Niño.
O fenômeno, que secou os campos de trigo do Canadá, causou alta nos preços de óleo de palma e ameaça aumentar a inflação global de alimentos, está deixando algumas ilhas com apenas metade de suas precipitações médias.
Porto Rico reduziu o acesso à água para quase 350.000 clientes.
Os produtores de manga dominicanos estão produzindo menos da metade das mais de 100 variedades que cultivam devido à escassez de chuva e à dependência de sistemas de irrigação.
Na Jamaica ocidental, um incêndio agravado pelas condições de seca destruiu centenas de acres do famoso café Blue Mountain.
“A Califórnia recebe toda a atenção, mas no Caribe a situação é pior porque o transporte de água em larga escala não é possível de forma alguma”, disse Toby Ault, professor no departamento de Ciências Atmosféricas e da Terra da Universidade Cornell, que monitora o Caribe.
Mesmo se a temporada de chuva que começa em 1º de junho trouxer alívio temporário, os pesquisadores acreditam que o Caribe está entrando em um período de seca estendida nunca visto antes.
Racionamento expandido
Com quase 1,6 milhão de pessoas afetadas pela seca e 12 dos 22 rios que abastecem as reservas em baixas recordes, Porto Rico, em 6 de junho, adicionou mais 40.000 clientes aos 307.000 que já recebiam água em dias alternados ou a cada três dias.
Dias antes, a Jamaica fechou algumas torneiras durante a noite na capital Kingston e cortou a água de moradores na cidade adjacente de Portmore durante o dia.
A seca no final do ano passado causou grande dano na agricultura, aprofundando dois trimestres consecutivos de contração econômica na ilha.
Na República Dominicana, “há pessoas em algumas comunidades em Santo Domingo que não têm uma gota nos canos há um mês”, disse Janina Segura, que coordena o departamento de Recursos Naturais do Centro para Agricultura e Desenvolvimento Florestal.
“Tem estado muito seco para fazendeiros plantarem grãos básicos como feijão preto e culturas de exportação, como mangas, tiveram enormes perdas”.
Na cidade de Bani, no sudoeste dominicano, leitos de rios secaram, expondo pedras afiadas e areia branca, e nenhuma água está correndo pelo canal construído para abastecer os produtores de uma das variedades mais populares de manga do país, a Banilejo.
Na fazenda de Andrés Mejía, as árvores não estão florindo.
“Colheita Perdida”
“A fruta não vai se desenvolver”, disse Mejía, presidente da Associação dos Produtores de Manga Bani. “Se não começar a chover logo, o cultivo de exportação será perdido”.
Há, pelo menos, 90 por cento de chance do El Niño, causado pelas temperaturas acima da média na superfície do mar ao longo da costa do Pacífico Equatorial da América do Norte, durar até o próximo inverno e 80 por cento de chance de que ele dure até a primavera de 2016, de acordo com a Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos.
Da Jamaica, passando pelas pequenas ilhas do Caribe oriental sul, até Trinidade e Tobago, a perspectiva de seca irá continuar até setembro, de acordo com o Instituto de Meteorologia e Hidrologia do Caribe com base em Barbados.
Mesmo se chuvas trouxerem períodos de umidade é improvável que seja suficiente para reabastecer rios e reservatórios, disse Ault. Ao invés disso, ele vê a seca deste ano sendo replicada em anos futuros.
“Muito do que está acontecendo neste ano no Caribe está relacionado ao El Niño”, disse ele.
“Mas o que a mudança climática pode fazer é dar mais peso aos dados tornando mais prováveis as secas plurianuais e multidécadas”.