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Agenda do G20 no Brasil entra na reta final; veja o que será debatido entre os líderes globais

Encontro de chefes de Estado será realizado nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro

Anúncio do G20 na avenida Brasil, no Rio de Janeiro (Pablo Porciuncula/AFP)

Anúncio do G20 na avenida Brasil, no Rio de Janeiro (Pablo Porciuncula/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 17 de novembro de 2024 às 07h07.

A presidência do Brasil no G20 terá seu ápice, e seu final, nos próximos dias. Ao longo deste ano, houve uma série de reuniões e grupos de trabalho, que buscavam negociar propostas para serem apresentadas e analisadas nesta etapa.

Na segunda, 18, e terça, 19, haverá a reunião de Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, onde os chefes de estado se encontrarão para debater as propostas e elaborar uma declaração final, que trará diretrizes e compromissos a serem adotados pelos países-membros. Os debates do G20 seguem por duas trilhas, uma geopolítica e outra financeira.

Os presidentes dos EUA, Joe Biden, da China, Xi Jinping, da França, Emmanuel Macron, além de líderes de outros países estarão presentes. O G20 reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes. São 19 países, além da União Europeia e União Africana (veja a lista completa mais abaixo). Além disso, são esperados representantes de 55 países e organizações internacionais.

A reunião de cúpula terá três sessões, uma delas para cada prioridade que o Brasil escolheu para este ano: inclusão social e luta contra a fome e a pobreza, reforma da governança global e transição energética/ desenvolvimento sustentável.

Qual será a agenda de reuniões do G20?

Na primeira reunião, na manhã de segunda, 18, será lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que busca unir recursos e tecnologias para tentar erradicar esses dois problemas.

"Na ocasião, o presidente deverá ler a lista completa dos que já aderiram à aliança. A aliança continuará aberta às adesões, até porque, a aliança, como um todo, tem uma previsão de funcionamento de 2025 até 2030", disse Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty e sherpa (chefe da delegação brasileira) no G20, em conversa com jornalistas.

Lyrio diz que o documento sobre a aliança já foi aprovado por todos os países do bloco, e a reunião de cúpula servirá para que sejam negociados mais resultados efetivos.

Na tarde do dia 18, a partir das 14h, haverá um debate sobre a reforma de instituições globais. "Isso significa a reforma da principal organização política internacional, a ONU, reforma das instituições financeiras internacionais, basicamente nascidas com Bretton Woods, como é o caso do Banco Mundial e do FMI, e também a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC)", disse Lyrio.

No começo da noite de segunda, 19, haverá uma recepção aos lideres estrangeiros. Na manhã de terça, 19, sera realizada a terceira e última reunião, sobre desenvolvimento sustentável e transição energética.

Em seguida, haverá uma cerimônia de encerramento e a transmissão simbólica da presidência do G20 para a África do Sul. Durante a tarde, haverá espaço para reuniões bilaterais entre os líderes. O governo brasileiro ainda não confirmou com quem Lula terá reuniões.

Declaração final do G20

Ao final do evento, será emitida uma declaração conjunta dos líderes, com diretrizes, posicionamentos e medidas defendidas por todos eles.

Na última edição, em 2023, na Índia, a declaração final buscou ressaltar que o G20 é mais um fórum de cooperação econômica do que política. Sob pressão de Rússia e China, houve uma menção branda à guerra da Ucrânia.

O documento final daquele ano teve 76 itens, com medidas para ampliar o combate à corrupção e ao terrorismo, fortalecer o empoderamento das mulheres e estimular a digitalização da economia, entre outras ações.

Neste ano, há novo debate sobre mencionar a Guerra da Ucrânia, e também o conflito entre Israel e Hamas. Alguns países defendem que haja uma menção aos excessos de Israel na invasão de Gaza.

Um dos pontos defendidos pelo Brasil é incluir na declaração final uma proposta de taxação de super-ricos. O país defende um imposto global de 2% sobre o patrimônio de cerca de 3 mil super-ricos. Isso poderia trazer um potencial de arrecadação de US$ 250 bilhões por ano.

Eventos paralelos ao G20

Antes da reunião de cúpula, haverá outros eventos ligados ao G20. De quinta, 14, a sábado, 16, haverá a primeira edição do G20 Social, um fórum dedicado a movimentos sociais que debaterão formas de reduzir a desigualdade e sugerir políticas públicas.

Também nesta semana, desde segunda, 12, até sábado, ocorre a reunião dos sherpas, os diplomatas que negociam em nome de seus países e buscam construir os acordos e documentos que depois serão ratificados pelos chefes de Estado.

Além disso, há reuniões de vários grupos paralelos, como B20 (representantes de empresas), U20 (prefeitos e cidades) e W20 (mulheres).

Quem está no G20?

O grupo une 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia), integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O G20 agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.

O que é o G20?

Um grupo que reúne as maiores economias do mundo e os maiores países desenvolvidos, que se reúne anualmente para debater questões geopolíticas e econômicas. O G20 não tem poder para determinar medidas obrigatórias aos países, mas serve como espaço de debate e trocas de experiências e iniciativas, a serem adotadas posteriormente pelos países-membros.

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