Agência de Energia Atômica alerta que Irã "não é transparente" em relação a programa atômico
Desde o colapso do acordo nuclear de 2015 do Irã com potências mundiais, Teerã tem buscado o enriquecimento nuclear quase compatíveis com produção de armas
Agência de notícias
Publicado em 13 de fevereiro de 2024 às 15h55.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2024 às 15h56.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, alertou nesta terça-feira que o Irã "não é totalmente transparente" em relação a seu programa atômico, particularmente depois de um ex-líder do programa anunciar que Teerã tem "em mãos" todas as peças para produzir armas nucleares.
Grossi, que falou durante a Cúpula Mundial de Governos, em Dubai referiu-se a comentários feitos no fim de semana por Ali Akbar Salehi. O chefe da AIEA apontou "um acúmulo de complexidades" no Oriente Médio em meio à guerra de Israel contra o grupo extremista Hamas na Faixa de Gaza.
Desde o colapso do acordo nuclear de 2015 do Irã com potências mundiais, Teerã tem buscado o enriquecimento nuclear em níveis ligeiramente abaixo dos compatíveis com produção de armas. O Irã acumulou urânio enriquecido suficiente para construir várias armas, se assim decidir. Agências de inteligência dos EUA e outras, porém, avaliam que o Irã ainda não deu início a um programa de armas. Existem suspeitas de que Israel tenha seu próprio programa de armas nucleares.
Segundo Grossi, o Irã "apresenta uma face que não é totalmente transparente no que diz respeito às suas atividades nucleares".
"Há cada vez mais rumores soltos sobre armas nucleares, inclusive no Irã recentemente. Um funcionário de muito alto escalão disse 'que temos tudo, está desmontado'", afirmou Grossi. "Bem, por favor, deixe-me saber o que vocês têm", acrescentou.
Como signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o Irã se comprometeu a permitir que a AIEA visite suas instalações atômicas para comprovar que seu programa tem fins pacíficos. Teerã também concordou com supervisões adicionais da AIEA, como parte do acordo nuclear de 2015.