Agente da Cruz Vermelha morre na República Centro-Africana
Um funcionário da Cruz Vermelha foi morto a tiros e pelo menos 31 pessoas ficaram feridas em confrontos entre milícias e tropas internacionais
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2014 às 18h10.
Bangui - Um funcionário da Cruz Vermelha foi morto a tiros e pelo menos 31 pessoas ficaram feridas em confrontos entre milícias e tropas internacionais na capital da República Centro-Africana nesta quarta-feira, disseram os serviços de emergência.
Os confrontos começaram depois que os moradores do bairro PK-5 acusaram as forças da União Europeia (Eufor) de matar a tiros um homem na noite de terça-feira.
O bairro é o reduto de cerca de 2 mil muçulmanos que vêm enfrentando violência sectária para permanecer em Bangui, mas que estão resistindo à pressão para se desarmar.
A Eufor afirmou em um comunicado que uma das suas patrulhas abriu fogo depois que foi atacada no bairro PK-5. A força europeia não confirmou se alguém foi morto no incidente, no entanto.
Uma multidão de manifestantes levou o corpo de um homem à sede da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira, dizendo que ele tinha sido morto a tiros pela Eufor na casa dele. Eles, então, sepultaram o corpo.
Pouco tempo depois, artilharia pesada e bombardeios foram ouvidos em todo o bairro PK-5, disseram moradores. O grupo beneficente Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que sua equipe no Hospital Geral recebeu 31 pessoas feridas a bala.
"Dez pacientes gravemente feridos serão submetidos a cirurgia", disse o vice-chefe da missão do MSF, Claude Cafardy, em um comunicado.
A Cruz Vermelha Internacional e o Movimento do Crescente Vermelho disseram que um dos seus voluntários, Bienvenu Bandios, foi morto a tiros durante a retirada de vítimas do PK-5.
"Estamos muito consternados com esta trágica perda de vida", disse o presidente da Cruz Vermelha na República Centro-Africana, Antoine Mbao Bogo, em um comunicado.
A ex-colônia francesa está tomada pela violência desde que o grupo seleka, uma coalizão de rebeldes principalmente muçulmanos e alguns combatentes aliados dos vizinhos Chade e Sudão, tomou o poder em março de 2013.
O governo seleka foi marcado por abusos que levaram a uma reação da milícia cristã "anti-Balaka". Ciclos de violência olho por olho continuaram, apesar da renúncia do líder seleka, Michel Djotodia, da Presidência em janeiro.