Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (Vyacheslav Oseledko/AFP)
Redação Exame
Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 16h59.
A França elevou novamente o tom contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Segundo O Globo, o ministro francês da Economia e Finanças, Roland Lescure, reiterou neste domingo, 14, que o texto “não é aceitável”, afirmando ao jornal econômico alemão Handelsblatt.
A posição francesa pressiona diretamente a agenda da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que planeja viajar ao Brasil no próximo sábado para assinar o acordo durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu.
Paralelamente, em comunicado divulgado neste domingo e citado pela AFP, o gabinete do primeiro-ministro Sébastien Lecornu pediu formalmente à União Europeia que adie os prazos previstos para a conclusão do tratado, argumentando que “as condições não estão dadas” para uma votação dos Estados-membros ainda neste mês.
“A França solicita o adiamento para garantir medidas de proteção legítimas para nossa agricultura europeia”, afirmou o governo.
Os 27 países da UE aguardam agora a votação no Parlamento Europeu marcada para terça-feira, que tratará de garantias adicionais destinadas a acalmar agricultores — sobretudo os franceses — contrários ao acordo. Tanto O Globo quanto a AFP apontam que esse passo será determinante para que os governos nacionais se pronunciem sobre o tratado entre 16 e 19 de dezembro.
A Comissão Europeia já apresentou, em setembro, um mecanismo de “monitoramento reforçado” para produtos agrícolas sensíveis — como carne bovina, aves, arroz e etanol — e prevê a possibilidade de intervenção caso o mercado europeu seja desestabilizado.
Roland Lescure detalhou que a França condiciona seu aval a três exigências:
Essas condições refletem preocupações profundas do setor agrícola francês, que teme concorrência desleal caso produtos sul-americanos — geralmente mais competitivos — entrem no bloco com tarifas reduzidas.
Negociado há mais de 20 anos, o acordo UE–Mercosul abriria espaço para que a União Europeia ampliasse exportações de automóveis, máquinas e vinhos, enquanto facilitaria a entrada de carne bovina, aves, açúcar, mel, arroz e soja dos países do Mercosul — composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Segundo ambos os veículos, se aprovado, o tratado resultará na criação de um mercado comum de 722 milhões de pessoas, o maior já firmado pela UE. Ainda assim, agricultores europeus consideram que o pacto coloca em risco sua competitividade e exigem garantias adicionais antes da assinatura.