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Acordo da dívida nos EUA entra em corrida contra o tempo no Congresso

Projeto enfrenta rejeição a uma semana da data em que os Estados Unidos começarão a ficar sem recursos; entenda

Joe Biden: presidente diz estar confiante em que o texto será aprovado na quarta-feira, 31 (AFP/AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 29 de maio de 2023 às 15h39.

Última atualização em 29 de maio de 2023 às 15h54.

Líderes republicanos e democratas buscam ansiosamente o apoio necessário, nesta segunda-feira, 29, para que uma lei, que busca evitar um default catastrófico dos Estados Unidos , tenha apoio suficiente no Congresso.

A uma semana da data que, segundo o Departamento do Tesouro, marcará o momento em que os Estados Unidos começarão a ficar sem recursos, em 5 de junho, o projeto originado em um acordo bipartidário liderado pelo presidente Joe Biden e pelo presidente da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, enfrenta a rejeição dos democratas progressistas e de republicanos.

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Republicanos ultraconservadores consideram que McCarthy deveria ter garantido neste acordo cortes ainda maiores nos gastos públicos, em troca do aumento do limite da dívida dos Estados Unidos. A medida é necessária para evitar uma moratória e garantir o funcionamento do Estado federal.

Ao mesmo tempo, a ala mais à esquerda do Partido Democrata, no poder, também manifesta sua insatisfação com a decisão de Biden de aceitar cortes nos gastos públicos.

Táticas

Biden e McCarthy disseram estar confiantes em que o texto será aprovado na quarta-feira na Câmara, dominada pelos republicanos, antes de ir para o Senado, de maioria democrata. Mas o grupo dos insatisfeitos pode tentar adiar o processo.

Os dois líderes negociaram durante semanas, e o que está em jogo continua sendo a possibilidade de um calote sem precedentes da dívida americana, considerada a mais segura do mundo. Um cenário que pode abalar as finanças mundiais.

O acordo bipartidário suspende o chamado "teto" da dívida federal, hoje em US$ 31,4 trilhões (em torno de R$ 157 trilhões na cotação atual), por dois anos, o suficiente para atravessar a próxima eleição presidencial de 2024 e permitir que o governo siga tomando dinheiro emprestado e continue solvente.

Com isso, Biden obtém a tranquilidade de não passar por outra crise similar durante sua campanha de reeleição, e os republicanos, alguns limites nos gastos públicos durante esse período pré-eleitoral.

Concessões mútuas

Os dois campos reivindicaram a vitória após o acordo.

"Eles podem tentar fazer parecer que fiz algum tipo de compromisso em relação ao teto da dívida. Não fiz", disse Biden à imprensa. Já McCarthy chamou o acordo de "série histórica de vitórias".

Na realidade, o acordo representa uma série de concessões mútuas.

Inicialmente, Biden se recusou a negociar com os republicanos, os quais acusou de tomarem a economia como refém.

E os grandes cortes que os republicanos queriam não aparecem no texto, apesar de os gastos — salvo no caso da Defesa — permanecerem estáveis no ano que vem e subirem apenas em 2025.

Após a divulgação do texto final no domingo, 28, os membros da Câmara terão 72 horas para estudá-lo antes de votar.

A estreita maioria de McCarthy na Câmara exigirá um apoio significativo dos democratas para equilibrar a dissidência na oposição.

No Senado, existe a possibilidade de os senadores tentarem obstaculizar a aprovação do projeto de lei com emendas que deixarão o processo perigosamente perto de 5 de junho.

A primeira nota estridente da oposição republicana foi do representante (deputado) Dan Bishop, membro da bancada ultraconservadora House Freedom Caucus, que tuitou um emoji de vômito e criticou McCarthy por alcançar "quase zero".

Ao mesmo tempo, um membro do House Progressive Caucus, Ro Khanna, afirmou que muitos democratas se perguntam se vão apoiar o acordo.

"O acordo representa um compromisso, o que significa que nem todos conseguem o que querem. Essa é a responsabilidade de governar", resumiu Biden.

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