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Acionistas atacam Murdoch em reunião anual da News Corp. nos EUA

Proposta de despojar Murdoch de posto de presidente foi derrotada, mas foram aprovados dois planos da junta diretora de manter controle sobre os salários dos executivos

O presidente de News Corporation, Rupert Murdoch (AFP/Getty/Archivo/Justin Sullivan)

O presidente de News Corporation, Rupert Murdoch (AFP/Getty/Archivo/Justin Sullivan)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2011 às 10h12.

Los Angeles - O dono da News Corp., Rupert Murdoch, disse a furiosos acionistas nesta sexta-feira que "simplesmente não há desculpa" para o escândalo de escutas na Grã-Bretanha, ao enfrentar duras críticas na assembleia anual do conselho em Los Angeles.

Vários acionistas, incluindo o deputado trabalhista que liderou a investigação sobre o escândalo de escutas telefônicas ilegais, se reuniram para pedir a Murdoch e a seus filhos que renunciassem a uma parte ou à totalidade de seu poder na direção do gigante da imprensa.

Contudo, Murdoch e sua família controlam cerca de 40% das ações com direito a voto e estão respaldados pelo multimilionário príncipe saudita Alwaleed bin Talal, que possui 7% das ações.

A proposta de despojar o octogenário Murdoch de seu posto como presidente foi derrotada, mas foram aprovados dois planos da junta diretora de manter controle sobre os salários dos executivos, segundo os resultados da votação divulgados horas depois do fim da reunião.

Durante a reunião, cerca de 130 pessoas permaneceram em frente aos estúdios Fox exigindo a renúncia de Murdoch e protestando contra o magnata da comunicação, portando inclusive cartazes do movimento "Ocupe Wall Street" (OWS, na sigla em inglês), disse o jornal local Los Angeles Times.

Murdoch expressou diversas vezes seu arrependimento e prometeu chegar até o fundo do escândalo, mas também pareceu irritado quando um ou dois de seus críticos mais exaltados tomaram o microfone, o que ocorreu várias vezes.


"Ele tem nos ignorando há muito tempo e está ignorando agora também", disse Stephen Mayne, chefe da associação australiana de acionistas (Australian Shareholders Association) na assembleia de 90 minutos nos estúdios da Fox em Los Ángeles.

Tom Watson, que teve papel chave na investigação parlamentar do escândalo de escutas, disse que se espera que apareçam mais detalhes sobre as supostas escutas, das quais os investidores do News Corp. deveriam estar informados.

O jornal News of the World, que forma parte do império de Rupert Murdoch, está acusado de ter feito escutas telefônicas de até 4.000 pessoas desde o ano 2000, entre elas Milly Dowler, de 13 anos, que desapareceu em 2002 antes de ser encontrada morta seis meses depois.

"Creio que as pessoas que trabalham para o News International (a filial britânica do News Corp.) encarregou investigadores privados para que obtivessem informação através do 'hacking' de computadores", disse Watson, afirmando que entre as vítimas figura um ex-oficial de inteligência do exército.

"Acredito que isso poderia expor a companhia a enormes custos quando for objeto de um litígio civil", completou.

Murdoch começou a reunião pedindo desculpas sobre o escândalo das escutas, mas disse que esse caso deveria ser analisado no contexto do êxito comercial da News Corp.

"Não podemos ser apenas uma empresa rentável, devemos ser uma empresa com princípios (...) Devemos reconhecer e enfrentar nossos erros e estabelecer um procedimento rigoroso para solucionar as coisas", disse.


"Simplesmente não há desculpa para um comportamento tão imoral", disse sobre a interceptação de celulares feita por jornalistas do agora fechado tablóide News of the World.

Pouco antes da aparição de Murdoch, o jornal britânico News International informou que pagará "dois milhões de libras" (3,1 milhões de dólares) de indenização à família de uma menina assassinada, vítima das escutas ilegais do semanário, anunciaram as partes em um comunicado.

Além disso, Murdoch doará "pessoalmente" um milhão de libras a seis organizações beneficentes selecionadas pela família de Milly Dowler, segundo o acordo financeiro alcançado entre News International e os pais da garota.

Na reunião de sexta-feira em Los Ángeles, Murdoch disse: "Pessoalmente, estou decidido a corrigir todos os erros cometidos e assegurar-me de que isso não voltará a acontecer em nenhuma área de nossa companhia.

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