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"Aceito a derrota, mas continuarei na luta", diz Kamala Harris em discurso após perder eleição

Vice-presidente perdeu a eleição presidencial para Donald Trump

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, ao chegar para discurso na universidade Howard (Kent Nishimura)

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, ao chegar para discurso na universidade Howard (Kent Nishimura)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 18h45.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 18h59.

A vice-presidente Kamala Harris reconheceu a derrota para Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024 em um discurso em Washington, mas buscou mobilizar seus apoiadores e reforçar a mensagem de que, apesar do resultado desfavorável, a luta continua.

"Eu concedo a derrota, mas não desisto da luta que motivou esta campanha. A luta por liberdade, por oportunidade, por justiça e dignidade para todos. Esta é uma luta que nunca vou desistir", disse.

A democrata citou Trump como "presidente eleito" e disse que o governo fará uma transição pacífica de poder, pois isso diferencia as democracias de regimes autoritários.

Kamala fez o último discurso da campanha na universidade Howard, em Washington, no fim da tarde desta quarta-feira, 6. Ela estudou na instituição, conhecida como referência em receber alunos negros, especialmente no tempo em que havia segregação racial na educação em muitas partes do país.

"Eu digo com frequência que quando lutamos, vencemos, mas às vezes a luta demora. Isso não quer dizer que não vamos vencer. O importante é nunca desistir de tentar fazer do mundo um lugar melhor", afirmou.

Kamala pediu ainda que seus apoiadores não se desesperem com a derrota e busquem seguir lutando também, de várias formas. "É tempo de arregaçar as mangas, se organizar, mobilizar e estar engajado pelo futuro que sabemos que podemos construir juntos.

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A derrota de Kamala

Kamala foi derrotada por Trump na eleição presidencial, terminada na terça, 5. A confirmação da vitória do republicano veio por volta das 7h40 desta quarta (horário de Brasília).

Trump venceu Kamala ao atingir 292 delegados no Colégio Eleitoral, nas projeções de diversos veículos de comunicação do país. Ele conquistou até agora cinco dos sete estados decisivos: Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Norte. Os outros dois ainda estão sendo apurados.

Mais cedo nesta quarta, Kamala telefonou para Trump para reconhecer a derrota e parabenizá-lo pela vitória.

A trajetória de Kamala Harris

Kamala, 60 anos, fez carreira no mundo jurídico e na política. Filha de um pai jamaicano e de mãe indiana que se conheceram enquanto estudavam na Califórnia, ela estudou ciência política e economia na universidade Howard e direito na Universidade da Califórnia. Em 1990, passou a atuar como promotora en San Francisco, em casos envolvendo abuso sexual, tráfico de drogas e violência. Ela cresceu na carreira e, em 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, a primeira mulher e pessoa negra a ocupar no cargo.

A migração para a política veio em 2016, quando foi eleita senadora pela Califórnia. No Congresso, chamou a atenção ao usar um tom mais incisivo durante audiências nos comitês. Em 2019, ela lançou uma candidatura à presidente, mas não chegou as primárias: desistiu em dezembro, após ser criticada por alas mais à esquerda entre os democratas.

Em 2020, no entanto, ela teria uma das maiores conquistas de sua vida. Naquele ano, em maio, o assassinato de George Floyd, um homem negro morto por um policial no meio da rua, e Kamala se tornou uma defensora forte de mudanças na Justiça para evitar novos casos como aquele. Na mesma época, Joe Biden buscava um candidato a vice, e houve pedidos para que ele escolhesse uma mulher negra. Em agosto, a chapa foi confirmada.

Em novembro de 2020, os democratas venceram a eleição e Kamala se tornou a primeira mulher a ser vice-presidente do país. "Eu posso ser a primeira, mas não serei a última", disse ela, em seu discurso de vitória.

No governo Biden, Kamala foi designada para tentar conter a alta do volume de imigrantes irregulares que tentavam entrar nos EUA, mas não obteve sucesso: o número de estrangeiros apreendidos nas fronteiras bateu recorde.

Kamala entrou na disputa eleitoral de modo abrupto. Biden tentou a reeleição neste ano, chegou a vencer as primárias mas, em julho, desistiu da disputa após ir mal em um debate e ter sua capacidade questionada publicamente. Biden endossou Kamala, e ela conseguiu unir o apoio do partido rapidamente. Na campanha, ela prometeu ampliar programas de proteção social, como auxílios para a compra da primeira casa, e medidas para conter alta de preços, que não detalhou.

Sua campanha teve impulso em agosto, nas semanas após ser lançada, mas ela não conseguiu abrir vantagem sobre Trump nas pesquisas e chegou ao dia da votação em situação de empate técnico. Desde o início da apuração, o republicano esteve à frente. A vitória de Trump foi confirmada no começo da manhã de quarta, depois que ele conquistou quatro dos sete estados decisivos. O empresário já levou 292 delegados no Colégio Eleitoral, e Kamala, 244.

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