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Abortos diminuem no Primeiro Mundo e se mantêm em emergentes

Número de abortos caiu para níveis mínimos históricos nos países do Primeiro Mundo nos últimos 25 anos, mas se manteve nos países em desenvolvimento


	Centro cirúrgico de hospital: queda é explicada pela facilidade cada vez maior de acesso a métodos anticoncepcionais nesses países
 (Divulgação/Ministério da Saúde)

Centro cirúrgico de hospital: queda é explicada pela facilidade cada vez maior de acesso a métodos anticoncepcionais nesses países (Divulgação/Ministério da Saúde)

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Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2016 às 22h13.

Londres - O número de abortos caiu para níveis mínimos históricos nos países do Primeiro Mundo nos últimos 25 anos, mas se manteve quase inváriavel nos países em desenvolvimento, onde as condições para abortar são menos seguras, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira pela revista científica "The Lancet".

O trabalho, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Instituto Guttmacher, indica que o número de interrupções de gestações não desejadas para cada mil mulheres de 15 e 44 anos passou de 46 por ano em 1994 a 27 em 2014 no Primeiro Mundo.

Essa queda é explicada pela facilidade cada vez maior de acesso a métodos anticoncepcionais nesses países, informam os pesquisadores, que ressaltam que no Leste Europeu foi registrada neste período a maior queda no número de abortos, que passaram de 88 a 42 para cada mil mulheres.

No Terceiro Mundo, os abortos desceram de 39 a 37 para cada mil mulheres em 25 anos, o que mostra uma necessidade de melhora no acesso aos métodos modernos de contracepção nessas regiões, segundo os analistas.

"Nos países em desenvolvimento, os serviços de planejamento familiar não parecem estar dando resposta ao desejo cada vez maior de ter famílias mais reduzidas. Mais de 80% das gestações não desejadas ocorrem em mulheres que não tiveram acesso aos métodos contraceptivos que desejavam", afirmou Gilda Sedgh, autora principal do estudo.

Os pesquisadores, que receberam recursos públicos de Reino Unido, Holanda e Noruega, assim como de diversas instituições internacionais, utilizaram dados coletados a partir de pesquisas nacionais, estatísticas oficiais e estudos científicos para estimar que no mundo ocorreram 56 milhões de abortos ao ano entre 2010 e 2014.

Desde 1994, a quantidade de interrupções de gestações não desejadas caíram de 38 para 26 a cada mil mulheres no sul da Europa; de 22 para 18 no norte da Europa e de 25 para 17 na América do Norte.

Na África, onde a maioria dos abortos são ilegais, o número de interrupções passou de 33 para 34 por cada mil mulheres nos últimos 25 anos.

Na América Latina, região com leis "altamente restritivas", se passou de 40 abortos por cada mil mulheres em 1994 para 44 em 2014. Uma a cada três gestações (32%) terminou em um aborto na América Latina entre 2010 e 2014, a maior taxa no mundo nesse período, segundo o estudo, que ressalta que "as leis restritivas sobre o aborto não limitam o número" de interrupções de gravidez.

"O estudo determinou que os abortos ocorrem em taxas similares em países onde é legal e nos quais é proibido", sustenta "The Lancet" em comunicado.

Segundo Sedgh, "as mulheres que vivem nos países onde as leis são mais restritivas têm uma necessidade de contracepção para a qual não está havendo resposta".

Essas mulheres "querem evitar ficar grávidas, mas não estão utilizando nenhum método de planejamento familiar", detalhou o especialista.

Em artigo que acompanha o estudo na revista científica, a pesquisadora em saúde reprodutiva na Universidade da Califórnia Diana Greene sustenta que "as gestações não desejadas e os abortos sem garantia de segurança levam as mulheres a sofrerem um risco de mortalidade maternal mais elevado".

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