O opositor afegão Abdullah Abdullah (c): boicote provocou uma nova crise (Massoud Hossaini/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2014 às 14h27.
Cabul - O candidato Abdullah Abdullah boicotou nesta quarta-feira a apuração dos votos das eleições presidenciais do Afeganistão, o que provocou uma nova crise na controvertida eleição do país asiático, informaram à Agência Efe fontes oficiais.
Os observadores do partido de Abdullah não se apresentaram na apuração, um dia após ameaçarem boicotar a auditoria se suas reivindicações técnicas não fossem escutadas, ao considerar que o processo está "influenciado politicamente".
"Avisamos ontem que se nossas reivindicações não fossem ouvidas nossos observadores não estariam presentes na auditoria e que boicotaríamos o processo", disse à Efe Mujib Rahman Rahimi, membro do partido de Abdullah.
Após o boicote o processo de apuração continua, mas sem a presença de membros das duas candidaturas.
"Se os observadores de Abdullah não se apresentarem não podemos permitir que os de Gani continuem com o processo. Observadores internacionais e nacionais continuam", explicou o vice-presidente da Comissão Eleitoral Independente afegã (IEC), Abdul Rahman Hotaki.
A crise política afegã começou quando Abdullah se negou a aceitar o resultado da apuração preliminar do segundo turno das eleições, que aconteceram em 14 de junho, que apontava Gani como vencedor com 56,4% dos votos.
Abdullah, que ganhou no primeiro turno, ameaçou criar um governo paralelo pelo que chamou de "fraude a escala industrial" preparado por Gani, pelo atual presidente Hamid Karzai e pela Comissão Eleitoral afegã.
No entanto, após a mediação do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, que viajou duas vezes ao país para resolver a situação, os dois candidatos chegaram a um acordo para auditar os votos e criar um governo de união nacional liderado pelo vencedor.
A apuração dos 8,1 milhões de votos depositados no segundo turno começou em 17 de julho e até o momento foram checados 72% dos sufrágios em um lento processo que parou várias vezes pelas diferenças entre os candidatos.
A nova interrupção põe em risco a posse presidencial, prevista para 2 de setembro, o que impediria a participação do novo líder na cúpula internacional sobre o Afeganistão que será realizada dois dias depois no País de Gales.