LUIS VIDEGARAY: ministro da Fazenda pediu demissão após críticas por ter sido o articulador da visita de Donald Trump ao México / Drew Angerer/ Getty Images
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2016 às 06h33.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h40.
Donald Trump fez sua primeira vítima no cenário internacional. O ministro da Fazenda do México, Luis Videgaray, renunciou nesta quarta-feira após não resistir às pressões internas do seu país por ter sido o maior incentivador do encontro do presidente Enrique Peña Nieto com o candidato republicano à Casa Branca na semana passada.
A saída de Videgaray é um grande baque para o governo. Além de ter sido o principal articulador da campanha de Penã Nieto e seu auxiliar mais próximo, o ministro deveria anunciar nesta quinta-feira o orçamento para 2017. Com uma dívida pública na casa dos 60% e um crescimento projetado do PIB de 1,7% para 2016, havia a expectativa de que a apresentação de uma meta de superávit hoje pudesse retomar a confiança do mercado.
Recuperar o humor dos investidores era, por sinal, a razão do encontro com Trump. A ideia de Videgaray era acalmar os mercados ao sinalizar que o governo de Penã Nieto trabalharia com qualquer que fosse o novo morador da Casa Branca em 2017. Mas deu tudo errado. Hillary negou o convite, e a visita de Trump é tida como o maior erro de relações públicas da história do país, além de ser tomada pela população como afrontas à soberania e à honra do México – Trump já havia chamado os mexicanos de estupradores e bandidos durante as primárias e mantém o plano de construir um muro na fronteira.
Para o lugar de Videgaray foi anunciado o nome de José Antonio Meade, que fará o anúncio do orçamento. Daqui para frente, o melhor para os políticos mexicanos é seguir o que escreveu o ex-presidente Vicente Fox para o jornal The Guardian em tom de fúria: “mesmo que eu seja contra muros, eu ficaria feliz em construir um em torno de Trump para poupar o mundo de pessoas como ele”.